Entidades e
lideranças de imigrantes e refugiadas que
vivem em Brasil participaram deste histórico acontecimento na Câmara Municipal
de São Paulo no dia 28 de Fevereiro – marcando uma metodologia na qual os
imigrantes são os protagonistas de um “processo” de construção do FSMM (mais
que evento), que ocorrerá no México, de 2 a 4 de novembro/18.
A mesa, com oito
pessoas, na maioria mulheres, foi mediada por Miguel Ahumada.
O marroquino,
Tomás, coordenou a pauta – falando simultaneamente mensagens em 5 línguas:
português, espanhol, francês, árabe e inglês.
Foram passados
dois áudios, um do Comitê Bolívia, desde Cochabamba e outro do Pepe Vargas, do
México de Miredes Internacional que trabalhou por cerca de 30 anos na defesa
dos direitos dos imigrantes nos EUA. Estão com a responsabilidade local da Secretaria Técnica do Fórum.
A Plenária de São Paulo, Várias entidades
estavam presentes: África do Coração, Missão Paz, SPM, Rede Comitê Brasil,
Viração, Si yo Puedo, Miredes Internacional, entre outros.
Nas falas das
lideranças, destacou-se: o direito de ir e vir, o protagonismo dos migrantes, a
não vitimização do migrante, o seu protagonismo e autonomia dos migrantes, as
causas da migração, o trabalho em rede e comunicação.
Neste processo queremos ser propositivos e ter
voz e vez diz Miguel Ahumada na abertura. Migração é um direito de todos.
Lutamos contra a xenofobia e o preconceito para construir uma nova identidade
no Brasil sem se isolar palavras de Jean Katumba . não queremos nos vitimizar,
mas construir o nosso espaço – uma nova forma de ver e pensar o mundo.
Refugiado não é
só estar fugindo – é renúncia, esperança, medo, saudade. Acessar a memória e
ver sonhos desfeitos, mas sem se conformar na dor, para sobreviver. Pensamos
nas pessoas que deixamos. Lutamos contra a ignorância, o preconceito, a
xenofobia diz Abdulbaset Jarour. A
primeira pergunta que nos fizeram, quando eu e minha família veio da Bolívia
para o Brasil foi “Por que você migrou?” Buscamos uma vida melhor, somos
livres. Temos o direito de lutar com os “nacionais” por um mundo melhor! Diz Verônica
Yunra
Migrante não é
um tema de moda, um número estatístico, um objeto mercantil – são seres humanos
com particularidades culturais, realidade. Toda pessoa que pesquisa migração
tem que dar uma devolutiva às comunidades imigrantes, pois é um conhecimento
conjunto e deve ser descentralizado dizia Hiordana Bustamante
Marlucia Silva falou
de sua experiência como professora, na valorização, escuta e integração dos
alunos imigrantes, para superar situações de bullyng. O Professor/a é mediador
para agregar conhecimentos e não dono do conhecimento.
Vivian de Souza brasileira, falou de sua experiência quando
esteve no sul da Alemanha e era vista como imigrante latina – segundo ela, as
pessoas em mobilidade não devem ser enquadradas e discriminadas – pois são
pessoas e não potencial “problema”.
Lembrou que há 3 milhões de brasileiros
fora do pais , segundo ela, o processo burocrático é desproporcional – exemplo
é a dificuldade nos reconhecimentos de diploma. Pessoas que trabalham, que tem
seus amigos, ficam de uma hora para outra, ameaçadas de não terem seus vistos
renováveis – você se sente descartável, completou.
As Propostas Locais
do FSMM foram apresentadas ´por Jenny de
la Rosa
O Fórum Social
Mundial das Migrações – FSMM – quer ser um lugar de fala, discussão, escuta do
migrante/refugiado.
Hoje reunimos
pessoas que vivem em São Paulo, mas nosso leque é bem maior. Nossos encontros
terminam processos e inauguram outros. Queremos sair da invisibilidade – trazer
nossas expectativas. Ir aos bairros, discutir com os migrantes esta construção
do Fórum Mundial que é nosso. Discutir nas bases a Nova Lei de Migração, que
muitos ainda desconhecem. Estar onde estão os migrantes, seus espaços de
convivência – sair dos muros – horizontalizar o debate, para que os imigrantes
tenham de fato voz e sejam multiplicadores/as. Isso pode ser feito
presencialmente, nos grupos ou usando a tecnologia, para atingir quem está
distante. Para que suas prioridades
estejam no centro das questões.
Através desta
mobilização, chegar ao México com representações autênticas dos migrantes.
Em seguida, as
pessoas foram convidadas a darem seus nomes, para se integrarem os grupos de
trabalhos: gestão, troca de saberes, multilíngue e transparência.
Foi lembrada a
importância do eixo 3 – gênero – na questão migratória – como eixo permanente,
de maneira que se garanta, também a participação de metade de mulheres no
Fórum
Luiza, de
Camarões, lembrou a questão dos/das imigrantes idosos/as
Na Plenária
várias perguntas foram feitas às pessoas da mesa, sendo que foi transmitida ao
vivo pela TV Câmara – do município de São Paulo.
A noite especial foi encerrada pelo mediador da
mesa, como início da mobilização do Brasil no Fórum Social Mundial das
Migrações.
Contatos:
facebook:
vozesmigrantesbrasil
Roverbal Freire
Miguel Ahumada
Serviço Pastoral do Migrante
www.miguelimigrante.blogspot.com
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