domingo, 31 de dezembro de 2017

Feliz 2018 Radio Migrantes



A todos  que acompanham  Radio Migrantes Español,  Programa Latinoamerica no Ar. Radio 9 de Julho 1600 Khz.Am, Blog Miguelimigrante, quero desejar  que o Ano Novo traga paz, e a fé seja renovada e fortificada no coração de cada um. Que Deus oriente, proteja e abençoe a todos vocês com um ano de muitas alegrias, saúde, amor e paz.

Feliz Ano Novo, meus amigos!

sábado, 30 de dezembro de 2017

Assembleia legislativa de SP aprova lei que isenta refugiados de taxas para revalidar de diplomas

Após mais de um ano de tramitação, a Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) aprovou por unanimidade o Projeto de Lei 557/2016, que prevê que pessoas refugiadas deixem de arcar com o pagamento de taxas de revalidação de diplomas nas universidades estaduais paulistas. Legislação contempla certificados de graduação, mestrado e doutorado. Custos com processo de autenticação podem chegar até 20 mil reais. Decisão foi celebrada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Refugiado sírio busca orientação sobre o andamento de seu pedido de revalidação do diploma em São Paulo, onde o ACNUR financia um projeto na organização Compassiva para diminuir os custos do processo. Foto: ACNUR/Gabo Morales
Refugiado sírio busca orientação sobre o andamento de seu pedido de revalidação do diploma em São Paulo, onde o ACNUR financia um projeto na organização Compassiva para diminuir os custos do processo. Foto: ACNUR/Gabo Morales
Após mais de um ano de tramitação, a Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) aprovou por unanimidade o Projeto de Lei 557/2016, que prevê que pessoas refugiadas deixem de arcar com o pagamento de taxas de revalidação de diplomas nas universidades estaduais paulistas. Legislação contempla certificados de graduação, mestrado e doutorado. Custos com processo de autenticação podem chegar até 20 mil reais.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) parabeniza o estado pela aprovação da diretiva, que facilitará o processo de integração de pessoas refugiadas no Brasil, possibilitando o acesso desse público a vagas de trabalho condizentes com suas respectivas formações.
O organismo internacional também acredita que a nova lei incentivará os refugiados a continuar os estudos, aprimorando seus saberes, compartilhando conhecimentos e contribuindo de forma ainda mais assertiva para o desenvolvimento do Brasil.
“Com a aprovação do Projeto de Lei 557/2016, logramos uma ampliação dos direitos das pessoas refugiadas no Brasil, na medida em que facilita o exercício de seu pleno desenvolvimento, possibilitando que seus conhecimentos sejam reconhecidos e consequentemente postos em prática. Esta é uma medida de extrema importância para que possamos incorporar os diversos saberes das pessoas refugiadas à sociedade brasileira, além de promover, ao mesmo tempo, sua autossuficiência”, disse a chefe do escritório do ACNUR em São Paulo, Maria Beatriz Nogueira.
Os custos associados à revalidação de diplomas, como o requerimento e a tradução juramentada de documentos curriculares, podem chegar a 20 mil reais. Além de caro, o processo pode se estender ao longo de vários meses.
“Muitos refugiados que tiveram que deixar seus países de origem enfrentam a falta de moradia, a dificuldade com o novo idioma associada à adaptação a uma nova cultura e ainda se deparam com a barreira para a inserção no mercado de trabalho, provocada muitas vezes pelo não reconhecimento de seus diplomas em nosso país. Grande parte desses refugiados não possuem os valores cobrados para dar entrada nesses processos”, explica o deputado Carlos Bezerra Jr., presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALESP.
A isenção de taxas para refugiados que buscam o reconhecimento de certificados de estudos, diplomas e títulos universitários estrangeiros é fundamentada no artigo 22 da Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados. O marco foi ratificado pelo Brasil em 1961. Já no âmbito federal, a Lei 9.474/1997 dispõe, em seu artigo 44, que o reconhecimento de certificados e diplomas de pessoas refugiadas no Brasil deverá ser facilitado, sobretudo ao se considerar a situação desfavorável vivida por essas pessoas.
O Projeto de Lei 557/2016 é considerado pelo ACNUR um exemplo de boa prática desde o início da proposta, pois contou com consulta e participação de atores da sociedade civil, garantindo legitimidade ao projeto. O texto agora seguirá para a sanção do governador Geraldo Alckmin. A maior parte dos mais de 10 mil refugiados vivendo no Brasil mora em São Paulo.
Acnur
www.miguelimigrante.blogspot.com

Haitianos no Brasil e sua relação com a comunicação, o consumo e o trabalho

Haitianos no Brasil e a Sua Relação Com a Comunicação, o Consumo e o Trabalho
Escrita por Cristóvão Domingos de Almeida, a obra Haitianos no Brasil e sua relação com a comunicação, o consumo e o trabalho, novo lançamento da PAULUS Editora, tem o objetivo de analisar e compreender um dos fenômenos recentes nos processos migratórios: a vinda de haitianos para o Brasil, estabelecendo conexão com o consumo de mídia como base informacional para o acesso ao mundo do trabalho.
O histórico fluxo migratório haitiano ganhou maior proporção após o terremoto que atingiu o país em 2010. Partindo desse ponto, a obra analisa as motivações desse fenômeno, com o objetivo de compreender as relações estabelecidas pelos haitianos em solo brasileiro, considerando a comunicação, o consumo e o trabalho.
Segundo o autor, na construção da pesquisa foram realizadas entrevistas com dezenove haitianos na cidade de São Paulo, na Missão Paz, instituição filantrópica de apoio e acolhimento a imigrantes e refugiados na capital paulista. As entrevistas semidirigidas, com o propósito de entender melhor a oportunidade de recomeço, foram realizadas durante o segundo semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2017.
A obra está dividida em duas partes: a primeira está centrada no desafio de realizar a conexão entre comunicação, consumo e trabalho. Na segunda parte, o autor contextualiza o fenômeno migratório haitiano, as travessias e seus desafios. São apresentados relatos dos sujeitos e suas lutas, reconhecendo a força da rede migratória e solidária, bem como o compromisso do imigrante com o viver e a vida de quem está perto ou longe, mostrando que, no processo migratório, as distâncias também são aproximadas através da resistência e do afeto.
Cristóvão Domingos de Almeida (Poconé – MT, 1974) é pós-doutor e doutor em Comunicação, mestre em Educação e Relações Públicas, professor e pesquisador. Participa dos Grupos de pesquisa IC3/ESPM e CriaNegra/Unipampa. Dedica-se aos estudos sobre comunicação, cidadania, mediações culturais, migrações e relações étnico-raciais.
Paulus
www.miguelimigrantes.blogspot.com

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A CELEBRAÇÃO DO 51º DIA MUNDIAL DA PAZ

1° DE JANEIRO DE 2018

Resultado de imagem para papa francisco
Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz

1. Votos de paz

Paz a todas as pessoas e a todas as nações da terra! A paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal,[1] é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta. Dentre estes, que trago presente nos meus pensamentos e na minha oração, quero recordar de novo os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. Estes últimos, como afirmou o meu amado predecessor Bento XVI, «são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz».[2] E, para o encontrar, muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta.
Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental.

Estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limitados. Praticando a virtude da prudência, os governantes saberão acolher, promover, proteger e integrar, estabelecendo medidas práticas, «nos limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido, [para] lhes favorecer a integração»[3]. Os governantes têm uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, devendo assegurar os seus justos direitos e desenvolvimento harmónico, para não serem como o construtor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu completar a torre que começara a construir.[4]

2. Porque há tantos refugiados e migrantes?

Na mensagem para idêntica ocorrência no Grande Jubileu pelos 2000 anos do anúncio de paz dos anjos em Belém, São João Paulo II incluiu o número crescente de refugiados entre os efeitos de «uma sequência infinda e horrenda de guerras, conflitos, genocídios, “limpezas étnicas”»[5] que caraterizaram o século XX. E até agora, infelizmente, o novo século não registou uma verdadeira viragem: os conflitos armados e as outras formas de violência organizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fronteiras nacionais e para além delas.
Todavia as pessoas migram também por outras razões, sendo a primeira delas «o desejo de uma vida melhor, unido muitas vezes ao intento de deixar para trás o “desespero” de um futuro impossível de construir».[6] As pessoas partem para se juntar à própria família, para encontrar oportunidades de trabalho ou de instrução: quem não pode gozar destes direitos, não vive em paz. Além disso, como sublinhei na Encíclica Laudato si’, «é trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental».[7]

A maioria migra seguindo um percurso legal, mas há quem tome outros caminhos, sobretudo por causa do desespero, quando a pátria não lhes oferece segurança nem oportunidades, e todas as vias legais parecem impraticáveis, bloqueadas ou demasiado lentas.

Em muitos países de destino, generalizou-se largamente uma retórica que enfatiza os riscos para a segurança nacional ou o peso do acolhimento dos recém-chegados, desprezando assim a dignidade humana que se deve reconhecer a todos, enquanto filhos e filhas de Deus. Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos.[8]

Todos os elementos à disposição da comunidade internacional indicam que as migrações globais continuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz.

3. Com olhar contemplativo

A sabedoria da fé nutre este olhar, capaz de intuir que todos pertencemos «a uma só família, migrantes e populações locais que os recebem, e todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja. Aqui encontram fundamento a solidariedade e a partilha».[9] Estas palavras propõem-nos a imagem da nova Jerusalém. O livro do profeta Isaías (cap. 60) e, em seguida, o Apocalipse (cap. 21) descrevem-na como uma cidade com as portas sempre abertas, para deixar entrar gente de todas as nações, que a admira e enche de riquezas. A paz é o soberano que a guia, e a justiça o princípio que governa a convivência dentro dela.

Precisamos de lançar, também sobre a cidade onde vivemos, este olhar contemplativo, «isto é, um olhar de fé que descubra Deus que habita nas suas casas, nas suas ruas, nas suas praças (...), promovendo a solidariedade, a fraternidade, o desejo de bem, de verdade, de justiça»,[10] por outras palavras, realizando a promessa da paz.

Detendo-se sobre os migrantes e os refugiados, este olhar saberá descobrir que eles não chegam de mãos vazias: trazem uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem. Saberá vislumbrar também a criatividade, a tenacidade e o espírito de sacrifício de inúmeras pessoas, famílias e comunidades que, em todas as partes do mundo, abrem a porta e o coração a migrantes e refugiados, inclusive onde não abundam os recursos.

Este olhar contemplativo saberá, enfim, guiar o discernimento dos responsáveis governamentais, de modo a impelir as políticas de acolhimento até ao máximo dos «limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido»,[11] isto é, tomando em consideração as exigências de todos os membros da única família humana e o bem de cada um deles.

Quem estiver animado por este olhar será capaz de reconhecer os rebentos de paz que já estão a despontar e cuidará do seu crescimento. Transformará assim em canteiros de paz as nossas cidades, frequentemente divididas e polarizadas por conflitos que se referem precisamente à presença de migrantes e refugiados.

4. Quatro pedras miliárias para a ação

Oferecer a requerentes de asilo, refugiados, migrantes e vítimas de tráfico humano uma possibilidade de encontrar aquela paz que andam à procura, exige uma estratégia que combine quatro ações: acolher, proteger, promover e integrar.[12]

«Acolher» faz apelo à exigência de ampliar as possibilidades de entrada legal, de não repelir refugiados e migrantes para lugares onde os aguardam perseguições e violências, e de equilibrar a preocupação pela segurança nacional com a tutela dos direitos humanos fundamentais. Recorda-nos a Sagrada Escritura: «Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos».[13]

«Proteger» lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade inviolável daqueles que fogem dum perigo real em busca de asilo e segurança, de impedir a sua exploração. Penso de modo particular nas mulheres e nas crianças que se encontram em situações onde estão mais expostas aos riscos e aos abusos que chegam até ao ponto de as tornar escravas. Deus não discrimina: «O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva».[14]

«Promover» alude ao apoio para o desenvolvimento humano integral de migrantes e refugiados. Dentre os numerosos instrumentos que podem ajudar nesta tarefa, desejo sublinhar a importância de assegurar às crianças e aos jovens o acesso a todos os níveis de instrução: deste modo poderão não só cultivar e fazer frutificar as suas capacidades, mas estarão em melhores condições também para ir ao encontro dos outros, cultivando um espírito de diálogo e não de fechamento ou de conflito. A Bíblia ensina que Deus «ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário»; daí a exortação: «Amarás o estrangeiro, porque foste estrangeiro na terra do Egito».[15]
Por fim, «integrar» significa permitir que refugiados e migrantes participem plenamente na vida da sociedade que os acolhe, numa dinâmica de mútuo enriquecimento e fecunda colaboração na promoção do desenvolvimento humano integral das comunidades locais. «Portanto – como escreve São Paulo – já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus».[16]

5. Uma proposta para dois Pactos internacionais

Almejo do fundo do coração que seja este espírito a animar o processo que, no decurso de 2018, levará à definição e aprovação por parte das Nações Unidas de dois pactos globais: um para migrações seguras, ordenadas e regulares, outro referido aos refugiados. Enquanto acordos partilhados a nível global, estes pactos representarão um quadro de referência para propostas políticas e medidas práticas. Por isso, é importante que sejam inspirados por sentimentos de compaixão, clarividência e coragem, de modo a aproveitar todas as ocasiões para fazer avançar a construção da paz: só assim o necessário realismo da política internacional não se tornará uma capitulação ao cinismo e à globalização da indiferença.

De facto, o diálogo e a coordenação constituem uma necessidade e um dever próprio da comunidade internacional. Mais além das fronteiras nacionais, é possível também que países menos ricos possam acolher um número maior de refugiados ou acolhê-los melhor, se a cooperação internacional lhes disponibilizar os fundos necessários.

A Secção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral sugeriu 20 pontos de ação[17]como pistas concretas para a implementação dos supramencionados quatro verbos nas políticas públicas e também na conduta e ação das comunidades cristãs. Estas e outras contribuições pretendem expressar o interesse da Igreja Católica pelo processo que levará à adoção dos referidos pactos globais das Nações Unidas. Um tal interesse confirma uma vez mais a solicitude pastoral que nasceu com a Igreja e tem continuado em muitas das suas obras até aos nossos dias.

6. Em prol da nossa casa comum

Inspiram-nos as palavras de São João Paulo II: «Se o “sonho” de um mundo em paz é partilhado por tantas pessoas, se se valoriza o contributo dos migrantes e dos refugiados, a humanidade pode tornar-se sempre mais família de todos e a nossa terra uma real “casa comum”».[18] Ao longo da história, muitos acreditaram neste «sonho» e as suas realizações testemunham que não se trata duma utopia irrealizável.

Entre eles conta-se Santa Francisca Xavier Cabrini, cujo centenário do nascimento para o Céu ocorre em 2017. Hoje, dia 13 de novembro, muitas comunidades eclesiais celebram a sua memória. Esta pequena grande mulher, que consagrou a sua vida ao serviço dos migrantes tornando-se depois a sua Padroeira celeste, ensinou-nos como podemos acolher, proteger, promover e integrar estes nossos irmãos e irmãs. Pela sua intercessão, que o Senhor nos conceda a todos fazer a experiência de que «o fruto da justiça é semeado em paz por aqueles que praticam a paz».[19]
Vaticano, 13 de novembro – Memória de Santa Francisca Xavier Cabrini, Padroeira dos migrantes – de 2017.
                                                                     Franciscus



Radio Vaticano

www.miguelimigrante.blogspot.com






Comissão Nacional Justiça e Paz rejeita correntes hostis a migrantes e refugiados

A CNJP sublinha, em particular, a atenção dedicada pelo Papa às migrações como um fator que pode “contribuir para a construção da paz” e ajudar ao “desenvolvimento quer dos países de origem dos migrantes, quer dos países de destino”.
“Acolher, proteger, promover e integrar: são os quatro verbos que devem inspirar as políticas dos governos e as ações das sociedades de acolhimento- já o disse o Papa Francisco em várias ocasiões”, acrescenta o organismo de leigos católicos, ligado à Conferência Episcopal Portuguesa.
A mensagem sublinha do Papa recorda os dois pactos globais sobre migrações (seguras, ordenadas e regulares) e refugiados que se espera venham a ser aprovados em 2018 no âmbito das Nações Unidas, “porque se exigem soluções globais, não isoladas ou unilaterais”.
“É bom que estas palavras tenham um particular eco em Portugal, um país marcado pela emigração desde há séculos (e que dela tanto beneficiou e continua a beneficiar) e também, mais recentemente, pela imigração. Também esta vem beneficiando o nosso país”, assinala a CNJP.
O Papa decidiu colocar os milhões de migrantes e refugiados da atualidade no centro do próximo Dia Mundial da Paz, com que os católicos vão começar o ano de 2018.
“Muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta”, assinala Francisco na mensagem para o 51.º Dia Mundial da Paz, divulgada pelo Vaticano.
No texto intitulado ‘Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz’, o Papa convida as comunidades católicas a acolher “com espírito de misericórdia” todos aqueles que fogem da guerra e da fome, deixando a sua terra “por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental”.
“Estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura”, assinala o documento.
Agencia Eclessia
www.miguelimigrante,blogspot.com

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Fé e gols de um padre haitiano

Dickson entrou para Igreja após torneio de futebol; hoje, na Matriz de Sto.André, acolhe imigrantes
Dois gols na final de umcampeonato inter-religioso em Porto Príncipe, capital do Haiti, em 2000, e o título daquele torneio mudaram a vida de Jean Dickson Saint-Claire. Caminho esse que, depois de quase duas décadas, teve Santo André como destino. Haitiano, padre Dickson, como é conhecido, celebra missas na Igreja Matriz, na Vila Assunção, desde 2015 e também é responsável por um projeto que acolhe imigrantes haitianos no Brasil.
Atacante, Dickson foi chamado por um grupo de seminaristas da congregação dos scalabrinianos, fundada pelo bispo italiano dom João Batista Scalabrini em 1887, em Porto Príncipe. “Eu não era seminarista, mas fui convidado a jogar, porque às vezes ia jogar bola com eles, já que a congregação ficava a 15 minutos a pé da minha casa. Era a final do campeonato interreligioso e ganhamos, com dois gols meus. A minha história na Igreja começou por aí, sabe? Comecei pela amizade”, discorre o pároco, que, anos antes, foi convidado pelo padre Marat, de sua paróquia no Haiti, a ingressar no seminário. “Sabe o que eu respondi? ‘Está louco?!’”
O avanço dos estudos religiosos de padre Dickson coincidiram com a missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti, liderada pelo Exército brasileiro, em 2004. O país caribenho vivia em meio a incertezas, com violência entre gangues e instabilidade política, que culminou na renúncia do então presidente Jean-Bertrand Aristide. Dickson iniciara o noviciado, um período da formação de um pároco, e tinha como mestre um padre brasileiro de bom relacionamento com soldados do Brasil.
“Eu me dei muito bem com os brasileiros. Eles falavam português e eu tentava o espanhol. A gente se entendia. Até que, em 2005, fui cursar Teologia. Não temos esse curso no Haiti. Temos no Brasil, Filipinas, Roma, Colômbia. E cada um recebe sua destinação. Calhou de eu vir para o Brasil em 2006 para fazer meu curso”, lembra padre Dickson, que ficou em São Paulo e Brasília nos cinco anos de estudos antes de ir para Roma, para cursar mestrado em História da Igreja. Foram mais três anos como aluno.
Em 2014, mesmo ano em que se ordenou padre, Dickson novamente teve o Brasil como destino porque ficou em Manaus, no Amazonas, auxiliando a recepção de imigrantes haitianos ao País. Foi esse o período de maior fluxo imigratório, uma vez que os naturais da nação caribenha viam no Brasil a possibilidade de melhora de vida.
“O Haiti é meio parecido com o Brasil, sabe? É muito empobrecido e essa pobreza tem várias faces. A gente vê que há dificuldade. Mas tem muita gente rica, que vive bem. Não há partilha. Há desigualdade mesmo”, relata padre Dickson.
Segundo dados da PF (Polícia Federal), entre 2011 e 2015 a quantidade de haitianos que chegaram ao Brasil aumentou 30 vezes, passando de 481 registrados em 2011 para 14.535 quatro anos depois. Isso contabilizando apenas os documentados pela PF.
A história de padre Dickson com o Grande ABC se cruza definitivamente em 2014, quando veio morar em Ribeirão Pires. Dickson se tornara professor no Itesp (Instituto Teológico São Paulo), no bairro do Ipiranga, na Capital, e aproveitara a facilidade do trem da Linha 10-Turquesa (Rio Grande da Serra-Brás), que liga Ribeirão ao Ipiranga. Foi designado para celebrar missas na Paróquia São José, em Ribeirão.
“Foi então que começamos os trabalhos com os haitianos que vinham para cá”, conta Dickson, lembrando da ajuda que teve da ex-vereadora Maria Ferreira de Souza, a Loló (PT), de Santo André, então diretora de Humanidades da Prefeitura de Santo André. “Começamos um trabalho de acolhida, dando aula de português em Utinga (em Santo André). O padre Herculano abriu as portas da igreja. Tínhamos parceria com o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), do governo federal, tínhamos aulas de língua portuguesa. Foi quando, em 2015, o nosso bispo dom Pedro Carlos Cipollini pediu para eu vir para a Matriz de Santo André, mais no Centro, para ajudar.”
O trabalho de acolhida de haitianos foi transferido, definitivamente, para uma casa dentro das dependências da Emeief João de Barros, em Utinga. “A casa estava abandonada. Ali entravam, fumavam, se escondiam. A casa estava caindo. Deu trabalho, mas hoje está um espaço muito bom. Virou a porta de entrada. O espaço caiu do céu.”
Embora avalie que o fluxo imigratório tenha perdido força – até pela crise econômica no Brasil, que culminou na elevação da taxa de desemprego –, padre Dickson aponta que ainda há haitianos vindo ao País em busca de dias melhores. “No Grande ABC ainda há cerca de 1.000”, estima. Mas o pároco, hoje com 40 anos (embora aparente menos idade), acredita que, em breve, terá de voltar à sua nação natal, apesar de ressaltar o “perfeito acolhimento do povo de Santo André”. “Eu gostaria de fazer alguma coisa pelo meu país. Como sou missionário, estou fora, não sei. Se der para voltar e fazer alguma coisa, voltaria. Tem muita coisa para fazer com as crianças. Penso em um projeto de ajudar as crianças em sua recuperação. Orientar melhor o futuro dessas crianças por meio da música, da arte. Penso muito nisso”, comenta. “Eu fui criança, todos fomos crianças. A gente sabe que quando a criança não tem ajuda fica muito mais fácil tornar-se um adulto irresponsável.”
Quase 20 anos depois dos dois gols que fizeram com que ele traçasse o rumo religioso, padre Dickson garante que ainda joga seu futebol. “E jogo bem. Faço gols, dou umas canetinhas (risos). Agora não tanto pelo meu trabalho com os imigrantes. Mas sempre que posso, eu jogo”, assegura ele, torcedor declarado do Barcelona e da seleção da Argentina. “Mais da metade do Haiti torce para o Brasil. Eu gosto de ver a Argentina jogar.”
Depois de 13 anos, em setembro, o Brasil encerrou sua missão no país caribenho. Padre Dickson crê, entretanto, em longa jornada pela frente junto aos mais necessitados. “A fé sem obra é morta. Vendo nosso irmão sofrendo e ficar indiferente...” 


 Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC 

www.miguelimigrante.blogspot.com

Alterações climáticas podem triplicar número de migrantes que chegam anualmente à Europa

As alterações climáticas vão levar a um aumento significativo do número de migrantes que procuram asilo na Europa se as tendências se mantiverem, segundo um estudo da Universidade de Columbia. Em 2100, o número de migrantes poderá ser de 1 milhão anualmente

O número de migrantes que tentam estabelecer-se todos os anos na Europa vai triplicar até 2100 se as tendências climáticas se mantiverem, independentemente de fatores políticos e económicos, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Columbia, Nova Iorque. Mesmo se os esforços para controlar o aquecimento global forem bem sucedidos, o número de solicitações de asilo pode aumentar até 25 por cento, preveem os autores.
Bob Ward, diretor de comunicação e políticas do Instituto de Pesquisa de Grantham das Alterações Climáticas e Ambiente, na London School of Economics and Political Science, comenta ao jornal britânico "The Guardian" que este estudo "demonstra os impactos que a Europa vai sofrer com as alterações climáticas". "Centenas de milhões, talvez milhares de milhões, de pessoas estão expostas ao aumento do nível médio das águas do mar e a mudanças de temperaturas extremas, que vão provocar migrações em massa dos locais mais vulneráveis. Sabemos pela história da humanidade que tamanhas migrações geralmente levam a conflitos e guerras com consequências devastadoras."
Prevê-se que as alterações climáticas resultem em mais secas, cheias, vagas de calor e outras situações extremas, bem como tempestades mais intensas e aumento do nível médio das águas do mar. Estes efeitos tendem a tornar a agricultura mais difícil, se não impossível, nalgumas faixas do globo, inclusive na África subsariana e em partes da Ásia.
Os efeitos também serão sentidos na Europa, mas o facto de as suas temperaturas base serem mais baixas e de beneficiar de uma relativa prosperidade e de avançadas infraestruturas significam que os estragos podem ser controlados, tornando-se assim um destino atrativo para os migrantes.
A migração ou tentativa de migração para a Europa aumentou significativamente nos últimos dez anos, tendo como causas principais a guerra na Síria, crises na África do Norte e no Médio Oriente e a vaga crescente de jovens de várias regiões de África e do Médio Oriente em busca de oportunidade económicas.
Os autores do estudo verificaram os pedidos de asilo na União Europeia entre 2000 e 2014, período durante o qual foram foram feitos 350 000 por ano, compararam a informação de fatores ambientais, como a temperatura e a meteorologia, e ajustaram os dados a fatores como conflitos e crises políticas.
Tendo em conta todos estes dados e comparações, os investigadores concluíram haver uma uma correlação entre meteorologia e número de pedidos de asilo. Verificou-se, por exemplo, que em países com temperatura média de cerca de 20º - considerada ótima para o cultivo – houve um número mais elevado de candidaturas a migração do que em outros com temperaturas médias mais baixas.
Expresso
www.miguelimigrante.blogspot.com

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Política migratória de Macron provoca fortes críticas na França

media
As posições do presidente francês Emmanuel Macron acerca dos imigrantes, somadas às polêmicas em torno do projeto de lei sobre a imigração, têm provocado fortes críticas a seu governo na França.
O presidente francês tem sido fortemente atacado por políticos de diversos partidos quanto a suas decisões sobre a imigração na França. Benoît Hamon, ex-candidato do Partido Socialista à presidência da República, disse que o presidente é “desonesto”. “Sua política é maliciosa para os mais vulneráveis. O que o Macron faz, mesmo Sarkozy não teve coragem de fazer”, declara.
O jornal francês Libération publicou um artigo no qual diz que “na França atual, é preciso esfregar os olhos para se dar conta de que o homem que quer endurecer a política migratória é o mesmo que, há alguns meses, com a mão sobre o peito, fazia menção à honra da França de poder receber os refugiados”.
Ian Brossat, político do Partido Comunista Francês, disse que “em termos de imigração, Emmanuel Macron fala como a Madre Teresa e age como Nicolas Sarkozy ou mesmo pior”.
Resposta ríspida
Em novembro deste ano, num evento de caridade organizado pela associação Restos du coeur (“Restaurantes do coração”, em francês) em Paris, Macron respondeu a uma marroquina em situação irregular no território francês que ela devia “retornar ao seu país”.
“Nós ajudamos as pessoas quando elas estão doentes. Mas não posso oferecer visto a todas as pessoas que não o têm. Do contrário, como vamos fazer com quem já está aqui e não encontra trabalho? É preciso proteger os mais vulneráveis, mas se você não está correndo nenhum perigo, é preciso que você volte ao seu país. No Marrocos, você não corre nenhum risco”, disse Macron.
A cena, filmada por um canal local de televisão, provocou grande polêmica e esquentou ainda mais o debate sobre a austeridade de Macron. Aurélie Filippetti, ex-ministra da Cultura, descreveu Macron como um “mau exemplo”.
“Vemos que há sempre um discurso de mão dupla. Diante das autoridades europeias, ele diz que é preciso ‘acolher ainda mais refugiados’ e, quando se encontra diante de uma senhora que está com dificuldades em conseguir um visto, ele se mostra rígido e sem empatia”, declarou Filipetti.
Lei polêmica
O projeto de lei sobre a imigração, proposta pelo Ministro do Interior Gérard Collomb, esquenta ainda mais a discussão. O texto, criticado por diversas associações humanitárias, pretende aumentar o período de retenção de estrangeiros sob risco de expulsão de 45 para 90 dias.
O governo também teria direito de ser mais rígido nas decisões de extradição e mesmo de recusar asilo no caso de possibilidade de envio do estrangeiro a um outro país por onde o mesmo transitou.
A boa notícia no meio disso tudo é que a lei também prevê um aumento de 25% no orçamento de 2018 para facilitar o programa de integração dos imigrantes em situação regular e dos que têm direito a asilo no país.
Segundo a lei de Finanças, aprovada em setembro, o aumento previsto é de 300 milhões de euros, o que elevaria para 1,38 bilhão de euros o orçamento para a política de integração dos estrangeiros na França.
Reuter
www.miguelimigrante.blogspot.com

ONG discute desafios para integrar refugiados ao sistema educacional do Brasil

Diferenças linguísticas são uns dos principias desafios enfrentados por crianças refugiadas que frequentam o sistema educacional do Brasil. É o que revela um levantamento preliminar divulgado neste mês pela organização não governamental I Know My Rights (IKMR), responsável pela iniciativa Cidadãs do Mundo. Criado ao final de 2016 com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), projeto mantém rede de compartilhamento de experiências pedagógicas, promovendo trocas entre gestores e docentes para aprimorar a integração dos estrangeiros em situação de deslocamento forçado.
Hanan Dacka (no centro), 12 anos de idade, estuda ao lado de suas novas amigas brasileiras em uma escola pública no centro de São Paulo. Foto: ACNUR/ Gabo Morales
A refugiada síria Hanan Dacka (no centro) estuda ao lado de suas novas amigas brasileiras em uma escola pública no centro de São Paulo. Foto: ACNUR/ Gabo Morales
Diferenças linguísticas são uns dos principias desafios enfrentados por crianças refugiadas que frequentam o sistema educacional do Brasil. É o que revela um levantamento preliminar divulgado neste mês pela organização não governamental I Know My Rights (IKMR), responsável pela iniciativa Cidadãs do Mundo. Criado ao final de 2016 com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), projeto mantém rede de compartilhamento de experiências pedagógicas, promovendo trocas entre gestores e docentes para aprimorar a integração dos estrangeiros em situação de deslocamento forçado.
Ao longo de 2017, a equipe do programa realizou 1017 visitas a famílias nos bairros com o maior número de residentes refugiados na Grande São Paulo. Na avaliação da IKMR, há um estereótipo marcante no ambiente escolar sobre a percepção de refugiados, principalmente nos momentos iniciais.
As barreiras linguísticas podem dificultar o convívio e o aprendizado das crianças e adolescentes estrangeiros. Do total de 49 crianças atendidas neste ano, 59% são da Síria; 29%, da República Democrática do Congo; 10%, da Palestina; e 2%, de Angola. Desse contingente, 71% fala árabe; 17%, francês; e 12%, lingala.
Durante evento para divulgar os dados já compilados pela iniciativa, a coordenadora do Cidadãs do Mundo, Ana Carolina Alonso, defendeu que a família dos refugiados faça parte do processo de inclusão, entendendo o currículo brasileiro, as sociabilidades e os objetivos da educação. Os professores também devem estar compromissados com esta proposta e já há muitos exemplos de boas práticas pela cidade de São Paulo.
Também presente, o diretor da escola municipal Infante Dom Henrique, Claudio Marques da Silva Neto, afirmou que “não basta a escola ser democrática, ela deve promover a democracia”. “A escola deve buscar entender os dilemas que acontecem no seu ambiente e a chegada de alunos estrangeiros faz parte da nossa realidade”, acrescentou.
Neste colégio de ensino fundamental, todo aluno que é matriculado apresenta o seu país para os demais colegas, tornando-se interlocutor de sua própria história. A imigração é um tema contemplado pelo projeto pedagógico e, como resultado, os estudantes estrangeiros se sentem incluídos pelo processo de aprendizagem e apresentam rendimento melhor.
Os dados prévios apresentados pela IKMR apontam ainda que o rendimento escolar muitas vezes não condiz com o real desenvolvimento das crianças. A pesquisa indica que é preciso analisar para além das notas, a fim de entender todo o complexo contexto de adaptação desses alunos.
Sobre as diferenças de idioma entre os corpos docente e discente, a ONG acredita que tanto os profissionais de educação, quanto o poder público precisam estar atentos à questão. Em outubro de 2107, o governo estadual de São Paulo lançou uma cartilha com orientações sobre o acolhimento de alunos estrangeiros, sejam eles refugiados ou migrantes. O documento está disponível online (clique aqui para baixar) e já é uma referência para promover conhecimentos legais e estruturais sobre a inclusão de estudantes de outros países.

Educação de refugiados no mundo

O acesso a educação permanece um problema grave para crianças e adolescentes que vivem em situação de deslocamento forçado no mundo. Um relatório lançado pelo ACNUR em setembro desse ano revelou que somente 61% das crianças refugiadas frequentam a escola — globalmente, entre meninos e meninas que não vivem em condição de refugio, o índice de matrícula é de 91%.
Quando considerado o Ensino Médio, a agência da ONU calculou que 84% de todos os adolescentes do planeta estão matriculados neste nível da educação formal, mas, entre os refugiados, o índice cai para 23%. A situação é ainda mais crítica em relação ao Ensino Superior. Em todo o mundo, 36% das pessoas chegam à universidade, mas apenas 1% dos refugiados estão cursando alguma faculdade. Como as crianças representam mais da metade das 22,5 milhões de pessoas refugiadas, iniciativas de inclusão são fundamentais para efetivar o direito desses meninos e meninas a educação.
Onu
www.miguelimigrante.blogspot.com

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Projeto dispensa autorização prévia de residência para emissão de visto temporário

Apontada como um importante avanço por algumas das organizações que trabalham com os direitos dos imigrantes no país, a Lei da Migração (Lei 13.445/2017), que entrou em vigor no dia 21 de novembro, foi em parte descaracterizada pelo decreto (Decreto 9.199/2017) que o governo editou na mesma data para regulamentá-la. A avaliação é do senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB-PE), que, com o PLS 491/2017, tenta resgatar um dos pontos do texto aprovado pelo Senado em abril: dispensar autorização de residência prévia para a emissão de visto temporário.
“Dentre os retrocessos desse decreto de regulamentação está a concepção de que os vistos temporários para pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; para trabalho; para realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; e para atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo determinado dependem de deferimento pelo Ministério de Trabalho de autorização de residência prévia ”, aponta Fernando Bezerra.
Conforme argumenta o senador, a Lei de Migração promoveu nova concepção sobre a entrada e estadia de investidores migrantes em nosso território como a previsão de visto temporário para pessoa que realize investimento ou atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural.
Sobre o visto para a realização de investimento, Fernando Bezerra observa que a lei aprovada pelo Congresso prevê que o documento poderia ser concedido a quem aporte recursos em projeto com potencial para geração de empregos ou de renda no país. A medida em sua avaliação pode dar um impulso na economia:
“Tomemos, como exemplo, o visto especial para investidor, que vários países concedem a fim de que empreendedores se estabeleçam em seus territórios ou transitem sem a necessidade de recorrerem a pedidos rotineiros de vistos. O Golden Visa de Portugal e de outros países europeus são exemplos disso. Essa realidade estimula investimentos de toda ordem”, exemplificou.

Burocracia

Entre outros pontos, o Decreto 9.199/2017 determina que haverá regulação geral desses vistos pelo Conselho Nacional de Imigração, atualmente sediado no Ministério do Trabalho.
“O ideal seria que a gestão dos pedidos de vistos se concentrasse nos consulados, evitando custos e burocracia”, avaliou.
Ainda conforme o senador, "o decreto de regulamentação desvirtua o conceito de incentivo ao investidor, para visto e autorização de residência, e amarra sua concessão à velha burocracia brasileira". O mesmo, segundo o parlamentar, se poderia afirmar em relação aos vistos para pesquisa, ensino ou extensão acadêmica, trabalho e atividade artística ou desportiva. Para Fernando Bezerra, o decreto extrapolou sua função e limite normativo:
“Infelizmente, as virtudes da nova Lei de Migração não se realizam com o texto do decreto que a regulamenta. Reputa-se equivocado condicionar o visto temporário à uma prévia autorização de órgão vinculado ao Ministério do Trabalho, pois mantém mecanismo anterior que a Lei de Migração desejou combater “, justifica o senador.
O projeto está na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde aguarda escolha de relator.
Agencia Senado
www.miguelimigrante.blogspot.com

Perto de 10.000 refugiados líbios podem beneficar de corredores humanitários em 2018

Perto de 10.000 pessoas que se encontram nos campos de refugiados na Líbia poderão beneficiar em 2018 de corredores humanitários que os levem com segurança para a Europa.
Perto de 10.000 pessoas que se encontram nos campos de refugiados na Líbia poderão beneficiar em 2018 de corredores humanitários que os levem com segurança para a Europa com o estatuto de refugiados, estimou neste domingo o governo italiano. “Em 2018, até 10.000 refugiados podem vir a chegar com segurança à Europa através de corredores humanitários”, disse o ministro do Interior italiano, Marco Minniti, numa entrevista publicada domingo no jornal La Repubblica.
Na sexta-feira, um grupo de 162 refugiados “vulneráveis” chegou por avião militar a Roma, o primeiro para o país italiano. O grupo foi selecionado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que os considerou imediatamente como “refugiados” e não como requerentes de asilo. Como tal, eles beneficiam à sua chegada de ajuda económica e têm direito a cursos de integração (cursos de línguas, formação e escolas para as crianças).

REFUGIADOS NO MUNDO

Os cinco países que mais receberam refugiados, até ao dia 19 de junho de 2017, em milhões

Refugiados01234
  • Turquia
  • Paquistão
  • Líbano
  • Irão
  • Uganda
ver mais 
“De acordo com os objetivos da Organização Internacional para as Migrações, 30 mil migrantes sem direito a asilo podem ser repatriados para os seus países de forma voluntária” em 2018, disse o ministro italiano, observando que, em 2017, 18 mil o tinham feito. O ministro disse acreditar que um acordo entre Roma e Trípoli permitia ao ACNUR selecionar aqueles que são elegíveis para assistência internacional.
“As organizações internacionais também já podem visitar os centros de acolhimento e melhorar as condições de vida, ainda hoje inaceitáveis”, acrescentou o ministro. Antes de chegar a essas “rotas legais”, a Itália teve que tomar medidas “credíveis” de firmeza em colaboração com a guarda costeira da Líbia para controlar melhor os fluxos “ilegais” de migrantes que chegam pelo mar, apontou Minniti.
De 1 de janeiro a 22 de dezembro de 2017, o numero de migrantes que chegaram à costa italiana (118.914 pessoas no total) caiu para 33,8% em relação ao mesmo período de 2016 (179.769 pessoas). Este ano, a Itália conseguiu transferir 11.000 migrantes para outros países da União Europeia, contra somente 2.500 no ano anterior.
Observador 
www.miguelimigrante.blogspot.com