quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Justiça australiana declara ilegal acordo de imigração com Malásia


O Superior Tribunal da Austrália declarou nesta quarta-feira ilegal o acordo assinado por este país com a Malásia para a troca de cerca de 800 imigrantes ilegais por quarto mil refugiados da ONU, informou a imprensa local. O presidente deste Tribunal, Robert French, disse que foi ordenado ao ministro de Imigração, Chris Bowen, e a seu gabinete que paralisem o envio de solicitantes de asilo à Malásia.
Segundo a decisão, adotada por cinco votos a favor e dois contra, o acordo "não tem poder e é inválido", informou a emissora australiana ABC. Este processo obrigou há várias semanas a suspensão das tarefas para a deportação ao país asiático do primeiro grupo, formado por 16 imigrantes ilegais detidos recentemente ao tentar chegar à costa australiana com a finalidade de solicitar asilo.
Os advogados do Centro para os Refugiados e a Imigração Legal argumentaram que, ao contrário da Austrália, a Malásia não assinou a convenção sobre o estatuto dos refugiados das Nações Unidas, enquanto o Governo de Canberra assegurava que os direitos dos imigrantes seriam protegidos.
Austrália e Malásia assinaram este acordo em 25 de julho, após vários meses de negociações. Além disso, Canberra selou outro pacto com Papua-Nova Guiné para reabrir um centro de detenção de imigrantes ilegais na ilha Manus.
Desde que o acordo entrou em vigor, chegaram à Ilha Christmas, no oeste da Austrália, 335 imigrantes ilegais, segundo dados oficiais. Os imigrantes ilegais que são detidos na Austrália ingressam em algum dos sete centros de detenção ou em outro tipo de instalações localizadas em áreas isoladas, enquanto tramitam suas solicitações.
No início deste século, as autoridades australianas endureceram a política imigratória para frear o crescente fluxo de imigrantes ilegais, majoritariamente asiáticos, que viajavam à Austrália em busca de uma nova vida pela deterioração da situação em seu país, como é o caso de Iraque, Afeganistão e Irã.

Grupo realiza fórum para debater com presidenciáveis propostas para imigrantes



No próximo dia 11 de setembro, a Guatemala se mobilizará para escolher quem governará o país pelos próximos quatro anos. Diante da conjuntura, e no marco da Semana Nacional do Imigrante, o Grupo de Trabalho Imigrações e eleições 2011 realizará hoje (31) o fórum Imigrações: Um compromisso de Estado 2012-2016.
O objetivo é ouvir os presidenciáveis, mas também apresentar propostas sobre as demandas dos guatemaltecos que imigraram para o exterior. Para isto, mais de 20 organizações sociais ligadas a imigrantes guatemaltecos nos Estados Unidos, familiares, ativistas de direitos humanos de imigrantes, acadêmicos e membros da Igreja Católica apresentarão a proposta ‘Imigrações, um compromisso do Estado 2012-2016′, norteada por uma política integral visando o respeito aos direitos humanos para evitar imigração forçada e melhorar oferta de trabalho na Guatemala.
Entre os candidatos à presidência, confirmaram presença no fórum Manuel Baldizón, do partido Líder; Harold Caballeros, de Viva-EG; Juan Gutiérrez, do Partido da Avanzada Nacional (PAN); Patricia de Arzú, do Partido Unionista; Rigoberta Menchú, da Frente Ampla; Alejandro Giammattei, do partido Casa; e Adela de Torrebiarte, da Ação de Desenvolvimento Nacional (ADN).
Atualmente, estimados em 1,5 milhão, os imigrantes remetem à Guatemala cerca de 4 bilhões de dólares por ano, importante soma para a economia fragilizada do país. Apesar disso, enfrentam situação difícil. Apenas em 2010, mais de 28 mil guatemaltecos foram deportados dos Estados Unidos, principal país de destino.
De acordo com a coordenadora executiva da Mesa Nacional para as Imigrações na Guatemala (Menamig, na sigla em espanhol), Elísabel Enríquez, o tema imigratório não é prioridade na maioria dos projetos dos partidos políticos, o que constitui motivo de preocupação para os movimentos e acaba por alimentar um ciclo.
“Tem que levar em conta que, na medida em que os imigrantes no exterior não tenham o direito ao voto, o tema imigratório continuará sendo para os políticos um tema de baixo perfil”, afirmou. Ela denunciou ainda que nos últimos processos eleitorais houve muitas promessas aos imigrantes, que, contudo, não foram efetivadas.
Pelo “voto castigo”
Cansados de tantas promessas vazias, o grupo de imigrantes ‘Guatemaltecas e Guatemaltecos por um Voto Consciente’ enviou cartas aos seus familiares na Guatemala, no dia 1º de agosto, exortando-os a não votar em partidos que não levam a sério o tema da imigração.
“Apesar das promessas ao longo de muitos anos – os períodos de governo de [Alfonso] Portillo, [Óscar] Berger e [Alvaro] Colom – de organizar o voto e a representação das guatemaltecas e guatemaltecos no estrangeiro, ao final simplesmente zombaram de nós. Nos enchem de elogios; mas não reconhecem nossos direitos. Nós estamos convencidos de que chegou o momento de lhes dar o troco, quer dizer, de demonstrar com o voto castigo, que temos peso político”, defendem.
A carta não aponta em que candidato votar, mas explica a negativa de vários nomes. Dentre eles, os candidatos dos partidos PAN, Gana e Unionista que, em governos anteriores, não implementaram adequadamente os Acordos de Paz, acelerando o êxodo de guatemaltecos do país.
Já partidos como FRG tiveram a chance de reformar a lei Eleitoral e de Partidos Políticos, garantindo direito de votar e ser votado aos imigrantes, mas não o fizeram. O Unidade Nacional da Esperança (UNE), partido do atual presidente, Álvaro Colom, fez várias promessas aos imigrantes, nenhuma concretizada. A mesma atitude foi adotada pelos partidos Patriota, Lider e Creo.
“Não se deixem seduzir pelos ‘cantos de sereia’. É necessário emitir um voto de castigo. Não ao PAN, Gana, PU, FRG, UNE, Patriota, Lider e Creo. Por cada cidadão imigrante, há não menos de cinco cidadãos que votam. Neguemos um milhão de votos aos partidos que nos têm abandonado e elejamos pessoas coerentes. É tempo de mudar”, finalizam.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Imigração : a integração “não é obrigatória”



"Nas palavras do juiz, os turcos não são obrigados a integrar-se" na sociedade holandesa, o Supremo Tribunal Administrativo de Utrecht (a mais alta instância judicial administrativa na Holanda) deliberou que "a política de integração da Holanda contraria uma convenção da União Europeia". O jornal explica que, desde 2007, a Lei sobre a integração obriga todos os imigrantes a receber formação (paga) sobre a língua e costumes holandeses e, em seguida, a passar num exame. Alguns turcos que não obtiveram aprovação nesse exame deveriam pagar uma multa, ou ser-lhes-ia recusada a autorização de permanência.

Contudo, segundo o juiz, a Convenção de Ancara, estabelecida entre a UE e a Turquia em 1963, determina que os turcos – bem como outros cidadãos da UE – não devem ser "prejudicados" por este tipo de obrigações se quiserem trabalhar ou residir em território da União Europeia. O jornal informa que, para contornar a decisão do Supremo Tribunal, o Ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou que pretende impor uma "escolaridade obrigatória, independentemente da idade", que obrigaria todos os cidadãos a ter um nível mínimo de educação e todas as pessoas residentes na Holanda a falar o holandês.

Governo dos EUA estimula vigilância coletiva; racismo cresce


O Departamento de Segurança Interna dos EUA acaba de lançar uma nova rodada de vídeos, anúncios em rádio e na mídia impressa da campanha “If You See Something, Say Something” (Se você vir algo, diga algo). O vídeo oficial da nova fase da campanha mostra situações suspeitas em estacionamentos, lojas, ruas, aeroportos, shopping centers, parques públicos, hospitais, estações de ônibus e metrôs, laboratórios de pesquisa etc, ou seja, é transmitida a ideia de que o perigo pode estar em qualquer lugar. A certa altura, o narrador adverte que a vigilância e as denúncias não devem se basear em raça, religião ou gênero, mas sim em comportamentos considerados suspeitos ou fora do comum pelos observadores.

Mas parece que não é bem assim que acontece na prática: de acordo com uma pesquisa desenvolvida recentemente nos EUA pela socióloga Rachel L. Finn, da Universidade de Hull, os americanos com descendência ou origem em países sul-asiáticos como Índia, Paquistão, Nepal, Sri Lanka ou Bangladesh, são alvos constantes de olhares desconfiados e intimidantes vindos de americanos brancos e estão frequentemente sujeitos a níveis desproporcionais de vigilância por parte das autoridades em aeroportos, centros de imigração, transportes públicos e inclusive no ambiente online.

Em artigo publicado na última edição do Surveillance & Society Journal (vol.8, 2011), a socióloga afirma que “vários atos de vigilância não-tecnológica, através de olhares dirigidos aos americanos sul-asiáticos em lugares públicos têm aumentado a discriminação racial e servido para reforçar as já evidentes fronteiras sociais existentes entre brancos e não-brancos nos EUA.”

Finn explora as ligações e relações entre vigilância, terrorismo e segurança: o aumento da vigilância leva necessariamente ao aumento da segurança? Quais são as consequências de se estimular atitudes de vigilância, criando um clima de desconfiança entre as pessoas? Segundo ela, americanos de pele amarronzada estariam tendo seu direito à mobilidade reduzido quando viajam, dentro do próprio país e também para fora, além de terem acesso mais difícil lugares públicos e a oportunidades de trabalho.

Campanha nasceu após o 11 de setembro

Originalmente lançada pela Autoridade de Transporte Metropolitano de Nova Iorque em 2002, a ação publicitária encorajava os usuários do sistema de transporte público a contatar a polícia caso vissem algo julgado suspeito de ser um ato terrorista - como deixar uma bolsa ou mala no banco do metrô, ônibus ou trem sem que ninguém estivesse visivelmente responsável pelo objeto. Porém, em julho de 2010, a campanha foi adotada pelo governo federal americano e pelo DHS, que é o órgão do governo com a função de proteger o país de ameaças à segurança dos cidadãos, principalmente no que se refere a atos terroristas, relançou a campanha nacionalmente. O objetivo seria “aumentar a consciência pública dos indicadores de terrorismo e crime violento e enfatizar a importância de se reportar atividades suspeitas para as autoridades locais e estaduais”.

Para o DHS, a segurança do país “depende da segurança das cidades e consequentemente de seus moradores” os quais teriam, então, a responsabilidade de avisar as autoridades locais caso suspeitem de algo – é quase como se cada cidadão comum virasse um informante da polícia em busca de algum potencial perigo que nunca se sabe ao certo de onde vem e, portanto, pode estar em todos os lugares.

Atualmente, os anúncios, antes comuns somente em trens, ônibus e metrôs (alvos favoritos de atentados à bomba), estão na televisão, internet, jornais locais e nacionais de grande circulação, estádios de baseball, praças e inúmeros outros lugares públicos onde normalmente há aglomeração de pessoas.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Polícia está preocupada com imigração irregular no Zaire


O comandante da Unidade da Polícia de Guarda Fronteira na província do Zaire, José Chingundo Coragem, apelou ontem, na comuna do Luvo, aos efectivos da Polícia Nacional para redobrarem esforços, com vista ao combate do fenómeno da imigração ilegal.
José Coragem, que discursava na cerimónia de abertura das actividades comemorativas do 33º aniversário daquele ramo do Ministério do Interior, disse que a imigração ilegal pode pôr em perigo a segurança e a integridade das fronteiras nacionais. O comandante referiu que as unidades da Polícia de Guarda Fronteira na região realizaram durante o ano em curso 21.370 acções operativas, que resultaram na detenção de 581 cidadãos de diversas nacionalidades.
Durante as acções operativas foram ainda detidos 50 angolanos, que de forma ilegal ajudaram alguns cidadãos estrangeiros a atravessar a fronteira. Os cidadãos em situação ilegal foram entregues ao Serviço de Migração e Estrangeiros para o serem repatriados.
Lembrou que os efectivos da Polícia de Guarda Fronteira têm a responsabilidade de proteger as fronteiras terrestres e marítimas, muitas vezes utilizadas para a entrada de imigrantes ilegais, que pretendem atingir a capital do país. No acto, estiveram presentes o administrador comunal do Luvo, Inácio de Almeida, membros do Conselho Consultivo da Polícia Nacional no Zaire, autoridades tradicionais e o representante dos serviços fronteiriços da RDC.

Acções no Cunene

Pelo menos 1.054 cidadãos nacionais e estrangeiros foram detidos desde Agosto do ano passado até à primeira quinzena do mês em curso pela Polícia de Guarda Fronteira, na província do Cunene, por tentativa de violação da fronteira com a Namíbia.
O facto foi anunciado à Angop, pelo comandante da corporação, o superintendente chefe Américo Roberto, no acto que marcou o 33º aniversário daquele órgão afecto ao comando-geral da Polícia Nacional, assinalado dia 26 de Agosto.
Américo Roberto disse que dos 1.054 cidadãos estrangeiros detidos, 843 são cidadãos nacionais, 211 estrangeiros de diversas nacionalidades, que foram encaminhados para o Serviço de Migração e Estrangeiros (SME). As detenções são fruto de 191 violações, que tiveram maior incidência nos postos dos marcos 3, 5,12,19 e 30 da fronteira terrestre. A corporação apreendeu 6.535 toneladas de mercadorias e 20 viaturas por tentativa de fuga ao fisco.

Ventanillas especiales en el aeropuerto de Quito para los países de la Comunidad Andina


Para facilitar el tránsito y el control migratorio de los turistas nacionales y de los residentes de los Países Miembros de la Comunidad Andina, Ecuador ha instalado ventanillas especiales de migración para los ciudadanos de Bolivia, Colombia, Ecuador y Perú en el Aeropuerto Internacional Mariscal Sucre de Quito .

El Secretario General a.i. de la Comunidad Andina, Adalid Contreras Baspineiro, explicó que esta medida se basa en el cumplimiento de la decisión del Consejo Andino de Ministros de Relaciones Exteriores, que dispone instalarlas en los principales aeropuertos de los países que conforman la CAN.
Contreras Baspineiro recordó que hay otras normativas, como el derecho de los turistas andinos a viajar por la subregión sólo con documentos nacionales de identidad, sin visa ni pasaporte, que también garantizan la circulación de los ciudadanos andinos en el territorio comunitario y afianzan su identidad y facilitan sus correspondientes trámites migratorios.

El secretario general además mencionó los instrumentos andinos de migración laboral (Decisión 545), de Seguridad Social (Decisión 583) y de Seguridad y Salud en el Trabajo (Decisión 584), que avalan una serie de derechos a los trabajadores andinos durante sus desplazamientos laborales por los países de la Comunidad Andina.

domingo, 28 de agosto de 2011

La vulnerabilidad de los migrantes en México continúa


La BBC entrevistó a algunas organizaciones civiles en México para conocer la situación de los indocumentados tras haberse cumplido un año del hallazgo de los 72 inmigrantes asesinados en un rancho en San Fernando, Tamaulipas. Tras todo este tiempo, la situación ha cambiado muy poco: los secuestros masivos de migrantes siguen en algunas regiones del sureste mexicano, igual que las agresiones y homicidios. Y si bien las autoridades capturaron a los probables responsables de la masacre, vinculados con el cartel de narcotráfico de Los Zetas, hasta ahora ninguno ha sido sentenciado por el delito.
Fernando Batista, visitador de la independiente Comisión Nacional de Derechos Humanos (CNDH), le dice BBC Mundo que los indocumentados en tránsito por el país son una población altamente vulnerable. “Es una señal de la ausencia de política pública concreta y efectiva, en materia de prevención de delitos cometidos en contra de los migrantes, por la falta de coordinación de las autoridades”, explica.

El Ministerio de Relaciones Exteriores de Guatemala comparte esta percepción. A través de un comunicado advierte que tras la masacre en San Fernando “ha existido un considerable deterioro en la seguridad de la comunidad guatemalteca migrante en los Estados Unidos Mexicanos”.

La matanza de inmigrantes en Tamaulipas provocó algunas diferencias diplomáticas entre México y los gobiernos de Centroamérica, que parecieron endurecer el tono de sus reclamos por la seguridad de sus migrantes. Por ejemplo, la Cancillería de Guatemala dijo que el gobierno mexicano no atendió su petición para conservar los 13 cuerpos que permanecían sin identificar, pues entre ellos podría haber ciudadanos guatemaltecos.

Y es que en marzo pasado se logró ubicar entre los cadáveres que permanecían en la morgue a Nancy Pineda, originaria de la región de Escuintla. “Lamentablemente, a pesar de la solicitud de la Cancillería, los 13 cuerpos pendientes de identificar fueron enterrados el pasado mes de junio”, señala el Ministerio.

El gobierno guatemalteco exige que no se cierre la investigación de la masacre. Las autoridades de México responden que han hecho su tarea. “El gobierno mexicano ha cumplido, como lo hemos manifestado tanto a entidades nacionales como a organismos internacionales, del avance de estas investigaciones”, dijo el subsecretario de Gobernación, René Zenteno.

Más allá de las diferencias diplomáticas, lo cierto es que la violencia contra inmigrantes centroamericanos no se detiene, insiste el sacerdote Alejandro Solalinde, responsable de la católica Pastoral de Movilidad Humana en el sureste de México.

El caso más reciente fue el homicidio del guatemalteco Julio Cardona Agustín, en Tultitlán, municipio vecino a Ciudad de México. El inmigrante fue “vendido” por policías locales a un grupo de jóvenes que lo asesinaron a pedradas. Cardona había formado parte de la Caravana Paso a Paso por la Paz, una marcha de indocumentados y activistas que inició en Guatemala para reclamar un mejor trato a los inmigrantes.

Estas historias suceden cotidianamente, afirma Solalinde. “Hay una impunidad total. ¿Dónde está el castigo a los funcionarios que protegen a los secuestradores? El resultado es desastroso”, dice en conversación con BBC Mundo.

Un informe que la CNDH entregó al relator de la Corte Interamericana de Derechos Humanos documenta el secuestro de 11.333 indocumentados, sólo entre abril y septiembre de 2010. Después de esa fecha no se conocen las cifras, pero organizaciones civiles estiman que diariamente son plagiados 62 inmigrantes.

Para frenar la violencia, los gobiernos de México y Centroamérica firmaron un acuerdo para ordenar el flujo migratorio en la región, así como proteger los derechos humanos de los indocumentados. Además, recientemente el Congreso mexicano modificó la Ley General de Población para cancelar las sanciones a quienes ingresen al país sin documentos.

Las medidas son insuficientes, porque el control del flujo migratorio en México se mantiene como una tarea de seguridad pública, asegura Solalinde. Y el visitador de la CNDH, Fernando Batista, completa: “Es importante que hechos como el de agosto de 2010 no queden en la impunidad, para evitar que en lo futuro se repitan”.

Xenofobia: Educação e espírito livre contra o racismo


A imigração coreana é uma realidade em Piracicaba. Não apenas devido à instalação da montadora Hyundai no pólo automotivo da cidade, que consequentemente trará pessoas da Coréia do Sul para trabalhar na fábrica, mas também porque existe um processo imigratório crescente, desde a década de 70, de orientais ao Brasil. O que atualmente acontece em Piracicaba em relação aos coreanos, também aconteceu há décadas com chineses, donos de muitos estabelecimentos comerciais na área central.

Conviver em harmonia com estrangeiros é inevitável e também necessário para evitar eventos xenófobos. Para o cientista político Luís Fernando Amstalden, professor de sociologia da Escola de Engenharia de Piracicaba (EEP), é interessante oferecer educação formal sobre fatores sociais, políticos e econômicos do Brasil para os coreanos e chineses. “Além do espírito livre, afinal, não queremos – e não podemos – ter problemas”, afirma.

A xenofobia, explica o cientista político, é recorrente quando um indivíduo se sente inseguro em relação a um estrangeiro. “Numa sociedade que tem a experiência de conviver com pessoas de outro país, o sentimento de perda de espaço físico aflora. O novo traz insegurança.”

No caso de Piracicaba, Amstalden lembra que os estabelecimentos dos principais corredores comerciais da cidade, por décadas, pertenceram a uma mesma família, e famílias tradicionais piracicabanas, mas que hoje dividem a atenção e concorrência com os imigrantes. “O estranhamento, num primeiro momento, é normal, e é preciso desconstruir estereótipos, a imagem pré-fabricada que o brasileiro tem do coreano e chinês e vice-versa”, afirma.

O cientista político chama este processo de choque cultural. “São costumes diferentes. Existe, então, uma distância por códigos. O que é educado para um, nem sempre é para o outro”. Amstalden comenta que a rispidez de coreanos e chineses é, sim, cultural. “São sociedades hierarquizadas. É natural, numa empresa de lá, o patrão chamar a atenção do subalterno de forma ríspida, o que é ofensivo para os brasileiros.”

Enquanto a introdução de coreanos e chineses à economia piracicaba é “fato consumado”, ressalta, é preciso encontrar um ponto de contato entre ambas as culturas. “Até mesmo para a segurança de todos”, comenta. O cientista político acredita que o equilíbrio pode ser atingido por meio do contato, da convivência com respeito e educação. “Eles precisam saber o que de fato é o Brasil, em quais condições sociais e econômicas vivemos.”

Ele ainda afirma que o brasileiro absorve mais facilmente elementos de outras culturas, o que não é uma regra universal, ou seja, a adaptação ao outro, num mesmo ambiente, difere de cultura para cultura. “Por exemplo, o brasileiro adaptou artes marciais japonesas e criou o jiu jitsu. Creio que irão absorver algo dos coreanos, mas é um processo lento.”

Entretanto, ele alerta que a xenofobia no Brasil é irrisória se comparada a certos países europeus e aos Estados Unidos. “Mas, é claro, se alguém for vítima de preconceito, deve denunciar à polícia”, comenta especialmente devido a um caso ocorrido na semana passada com uma mulher da raça negra. Ela se sentiu ofendida pelo modo que um comerciante chinês a tratou e levou o caso à delegacia de polícia. Amstalden questiona se estes imigrantes chineses ou coreanos conhecem o rigor da lei brasileira. “O racismo é tratado com rigidez no Brasil.”

Quanto ao entrave linguístico, o cientista opina que imigrantes precisam aprender o português e não concorda com o costume de falar na língua nativa quando um brasileiro está perto e não querem que entenda o que falam entre eles. “Mas isso não é xenofobia”, comenta.

Erick Tedesco
tedesco@tribunatp.com.br

sábado, 27 de agosto de 2011

Brasil é destaque em campanha global contra apatridia


Atualmente, milhões de pessoas não são reconhecidas como cidadãos por nenhum país do mundo. São pessoas sem nacionalidade, que não existem no papel. São apátridas.

Para reduzir a apatridia no mundo e aumentar a adesão da comunidade internacional às convenções da ONU e sensibilizar a opinião pública sobre o tema, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) lançou uma campanha global sobre este problema, que afeta uma população estimada em aproximadamente 12 milhões de pessoas.

A campanha marca as celebrações do 50º aniversário da Convenção da ONU sobre Redução de Apatridia (1961) e pode ser vista em uma página dedicada no site do ACNUR. Seu conteúdo multimídia está disponível em www.unhcr.org/stateless.

O Brasil é considerado pela campanha como um “caso de sucesso” na prevenção da apatridia, devido ao movimento “Brasileirinhos Apátridas”. Criado pela comunidade de brasileiros no exterior, o movimento mobilizou a sociedade civil e levou o Estado brasileiro, no ano de 2007, a extinguir o risco de apatridia entre cerca de 200 mil filhos de brasileiros nascidos fora do país.

Uma emenda constitucional liderada pelo movimento e aprovada pelo Congresso em 2007 eliminou de vez a possibilidade de apatridia entre filhos de brasileiros nascidos no exterior, e é um bom exemplo de aplicação da Convenção de 1961. O Brasil também é signatário da Convenção da ONU 1951 sobre Proteção dos Apátridas, sendo um dos poucos países a assinar estes dois instrumentos internacionais sobre o tema (1951 e 1961).

Por causa da sensibilidade política em torno da apatridia, a questão permanece com baixa prioridade em muitos países. O número de adesões às duas convenções da ONU sobre o tema é um indicativo desta situação: a Convenção de 1954, que define o que é apátrida e estabelece padrões mínimos para lidar com a questão, tem 66 países signatários. A Convenção de 1961, que estabelece princípios e marcos legais para prevenir a apatridia, tem apenas 38 assinaturas.

“Após 50 anos, estas convenções atraíram um pequeno número de países”, afirma o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. “É uma vergonha que milhões de pessoas vivam sem nacionalidade, que é um direito humano fundamental. A dimensão do problema e seus efeitos perversos sobre as pessoas afetadas são praticamente desconhecidos. Devemos mudar esta situação. E os países devem agir neste sentido”, completa.

Há muitas causas para a apatridia, muitas delas envoltas em questões legais. Mas suas consequências humanas são trágicas. Tecnicamente, apátridas são pessoas sem cidadania, e por isso têm seus direitos básicos frequentemente negados, assim como o acesso ao mercado de trabalho, à educação e à saúde. Também não têm direito à propriedade, a abrir contas bancárias, a casar legalmente ou a registrar seus filhos quando nascem. Alguns enfrentam longos períodos de detenção porque não podem provar quem são ou de onde vieram.

“Estas pessoas precisam desesperadamente de ajuda, porque vivem em um limbo legal atemorizante”, afirma o Alto Comissário António Guterres. “Isto faz delas um dos grupos populacionais mais marginalizados do mundo. Sem tratar a apatridia e fazer esforços para preveni-la, teremos um problema que se perpetua, pois pais não podem passar uma nacionalidade para seus filhos. Além da situação de miséria causada às pessoas apátridas, o fato de marginalizar grupos inteiros por gerações causa grande estresse nas sociedades em que vivem e, por vezes, conflitos”, completa.

O ACNUR estima em 12 milhões o número de pessoas apátridas no mundo, mas definir números exatos nesta questão é um grande problema. Relatórios inconsistentes combinados com definições diferentes de apatridia deixam a questão ainda mais elusiva. Para superar esta situação, o ACNUR quer difundir a definição legal – e internacionalmente aceita – de apatridia e, paralelamente, melhorar seus próprios métodos para recolher dados a respeito das populações apátridas.

No momento em que a real dimensão da apatridia vem se tornando mais conhecida ao redor do mundo, o ACNUR avalia que o problema é particularmente grave no sudeste asiático, no leste europeu e no Oriente Médio. Entretanto, grupos de populações apátridas existem praticamente em todo mundo, representando um problema que cruza fronteiras e afeta várias pessoas.

Novos países – A secessão de países e o redesenho de fronteiras podem fazer com que grupos específicos tenham sua cidadania negada. O mundo celebrou o nascimento do Sudão do Sul, em julho passado, mas ainda segue indefinida o estabelecimento de uma nova lei de cidadania tanto no sul como no norte.

“O desmantelamento de países, a formação de novos Estados, a transferência de territórios e a redefinição de fronteiras representam as grandes causas da apatridia nas duas últimas décadas. Se novas leis não forem cuidadosamente redigidas, muitas pessoas serão deixadas para trás”, afirma Mark Manly, chefe da Unidade de Apatridia do ACNUR, em Genebra.

Em 1990, o fim da União Soviética, Iugoslávia e Checoslováquia deixou centenas de milhares de pessoas apátridas no leste europeu e em países da Ásia Central – afetando principalmente minorias étnicas e sociais. Enquanto muitos casos de apatridia foram resolvidos nestas regiões, dezenas de milhares de pessoas permanecem nesta situação ou sob o risco de apatridia. O risco de apatridia por causa do desmantelamento de países tem crescido na África e na Ásia.

Mulheres e crianças – Uma consequência trágica da apatridia é que ela se perpetua. Em muitos casos, os filhos de pais apátridas também são apátridas quando nascem. Desta forma, a exclusão e a destituição geradas pela apatridia continuam sendo vividas pelas novas gerações. Sem uma nacionalidade, é extremamente difícil para as crianças conseguir uma educação formal.

A discriminação contra as mulheres reforça o problema, já que elas estão entre os grupos mais vulneráveis ao problema. Uma pesquisa do ACNUR mostra que pelo menos 30 países possuem leis de cidadania que discriminam as mulheres. Nestes países, as mulheres correm sério risco de se tornar apátridas quando se casam com estrangeiros. Leis discriminatórias também criam apatridia entre crianças. Mesmo quando a mulher possui uma nacionalidade, seus filhos podem se tornar apátridas se as mães são impedidas por lei de repassar sua nacionalidade automaticamente. A apatridia entre crianças também ocorre nos países que não possuem um sistema formal de registro. Campanhas de registro em alguns países têm reduzido as deficiências, mas o problema persiste.

Por sorte, há uma tendência cada vez maior entre os países de reduzir a desigualdade de gênero nas suas leis de cidadania. Desde 2004, países diferentes como Egito, Indonésia, Bangladesh, Quênia e Tunísia reformaram sua legislação para permitir que mulheres possam repassar automaticamente sua nacionalidade aos filhos. Enfrentar esta discriminação de gênero nas leis de cidadania é um objetivo particularmente importante para o ACNUR, neste ano em que se comemora o 50º aniversário da Convenção de 1961 sobre Redução da Apatridia.

Discriminação étnica - Um tema relevante a todas as situação de apatridia é a discriminação racial e étnica que leva à exclusão – e, frequentemente, há falta de vontade política para resolver o problema. Grupos que perderam sua cidadania desde a criação ou estabelecimento de novos países incluem os muçulmanos de origem Rohigna residentes no estado de Rakhine, em Mianmar, algumas tribos nas montanhas da Tailândia e os Bidoon nos países do Golfo. Os ciganos, cuja maioria possui cidadania nos países onde vivem, ainda permanecem apátridas em vários países da Europa. Com frequência, tais grupos se tornam tão marginalizados que continuam enfrentando obstáculos e burocracias mesmo as legislações sobre cidadania são flexibilizadas.

Embora existam muitas histórias de sucesso sobre o enfrentamento à apatridia, muito ainda precisa ser feito. O ACNUR espera colocar esta questão na agenda internacional para que mais países se tornem signatários das duas convenções sobre o tema, reformem suas legislações nacionais e tomem medidas para resolver a apatridia.

Mercado de trabalho para estrangeiro cresce no Amazonas


O número de autorizações concedidas a trabalhadores estrangeiros no Amazonas aumentou 170% no primeiro semestre comparado aos primeiros seis meses do ano passado. A construção civil e a indústria são os setores que mais absorvem essa mão de obra estrangeira no Estado. Os Haitianos e os japoneses lideram o ranking, segundo a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Amazonas (SRTE/AM).

Foram concedidos 676 vistos de trabalho de janeiro a junho de 2011, contra 250 no mesmo período de 2010. Os dados são da Coordenação Geral de Imigração (CGIg) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O Amazonas é o quinto Estado brasileiro com o maior número de autorizações de trabalho a estrangeiros no período, atrás do Rio de Janeiro (11.377), São Paulo (9.635), Minas Gerais (982) e Rio Grande do Norte (695).

Os trabalhadores do Haiti foram os estrangeiros que receberam o maior número de autorizações de trabalho no Amazonas (247), seguido dos trabalhadores do Japão (90), Estados Unidos (38), Coreia (32), Reino Unido (28) e outros países (241).

A SRTE/AM emitiu no primeiro semestre 974 carteiras de trabalho para estrangeiros, desse total uma média de 75% foram para haitianos.

“Os haitianos estão sendo absorvidos principalmente pela construção civil e empresas do comércio como padarias, confeitarias, supermercados, setores que estão necessitando de mão de obra urgente”, afirma o superintendente do trabalho e emprego no Amazonas, Dermilson Chagas.

Em contrapartida, os japoneses são contratados, principalmente, para o Polo Industrial de Manaus (PIM) para cargos de chefia ou para implantação de novas tecnologias, como explica a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Elaine Jinkings.

“Esses profissionais trazem conhecimento técnico para compartilhar com os trabalhadores locais. Normalmente, eles são de uma unidade estrangeira da empresa que já desenvolve essa troca de domínio técnico por um prazo determinado”, afirma.

Segundo Jinkings, o custo para as empresas trazerem esses trabalhadores de fora é muito alto, pois além do salário local (com moeda brasileira), a empresa tem que pagar o salário normal do funcionário (na moeda do país de origem). “Sem falar em hospedagem, transporte, alimentação etc. Então, como o custo é alto, é preciso valer a pena o deslocamento desse funcionário”, completa.

Vistos justificados

De acordo com o levantamento do CGIg, 36% do total de autorizações do Amazonas foram concedidas por situações consideradas especiais pelo Conselho Nacional de Imigração (CNIg), 34% foram para assistência técnica por até 90 dias, sem vínculo empregatício, 9% foram para assistência técnica, cooperação técnica e transferência de tecnologia, sem vínculo empregatício e 6,5% para administradores, diretores, gerentes e executivos com poderes de gestão e concomitância.

Os investimentos efetuados por estrangeiros no Amazonas somaram R$ 304,2 mil, o resultado já ultrapassa os investimentos realizados em 2009 e 2010, R$ 260,5 mil e R$ 276,7 mil, respectivamente.

Autorizações temporárias lideram

No primeiro semestre de 2011 foram liberadas 26,5 mil autorizações para estrangeiros trabalharem no Brasil, um aumento de 19,4% em relação aos seis primeiros meses de 2010. O tempo médio para concessão das autorizações de trabalho foi de 19,76 dias, de acordo com a CGIg.

“A média de tempo é para quem apresenta toda a documentação corretamente. Quem não apresenta, quem cai em exigência, tem que voltar à estaca zero do processo. Estamos desenvolvendo um novo sistema para que até o fim do ano possamos fazer todo o processo pela internet. A autorização para artistas demora menos porque eles vêm para uma temporada específica, preparam tudo com antecedência, têm uma produção quase sempre muito organizada. Por isso é mais rápido”, explicou o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi.

Em relação à categoria das autorizações, aproximadamente 93% são temporárias (24.684), crescimento de 18,9% em relação ao primeiro semestre de 2010. A maior parte das autorizações temporárias foram concedidas para estrangeiros que trabalham a bordo de embarcações ou plataformas estrangeiras (8.234), queda de 0,12% em relação ao mesmo período de 2010. Em seguida estão artistas ou desportistas, com 4.504 autorizações, crescimento de 37,74%.

Para o ministro, o aumento está associado ao crescimento da economia. “Nos últimos anos o Brasil cresceu muito. Com este desenvolvimento, cresce o investimento, cresce a demanda por mão de obra interna - criamos um milhão de empregos no primeiro semestre - e também cresce a demanda por mão de obra externa. É um universo pequeno em relação à população”, comentou Lupi.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Los inmigrantes musulmanes creen que en España hay menos recelo a su religión



Los inmigrantes musulmanes creen que en España existe un menor grado de rechazo y recelo hacía su religión que en el resto de la Unión Europea o en Estados Unidos, según una encuesta del Gobierno a este colectivo, que sigue confiando más en algunas de nuestras instituciones que los propios españoles.

A los inmigrantes musulmanes, les inspira más confianza el Rey, el sistema judicial, el Parlamento, la Iglesia católica o las ONGs que a los españoles, quienes sin embargo se fían un poco más de la Policía, según el estudio sobre la Comunidad Inmigrante Musulmana 2010, que ha realizado Metroscopia a partir de 2.000 encuestas.

El barómetro ha sido realizado por quinto año consecutivo por encargo de los Ministerios de Interior, Justicia y Trabajo e Inmigración.

La valoración que hace la comunidad musulmana inmigrante de las instituciones españolas, atendiendo a un baremo del 0 al 10, es la siguiente: las ONG (un 7,2), el Rey (la misma puntuación), los líderes de las comunidades musulmanas en España (6,7), el sistema judicial (6,4) y la Policía española (6,1).

Mientras, a la Unión Europea le dan una puntuación de 6, a la Liga Árabe le otorgan un 5,8 y a los líderes del mundo árabe un 5,7 por delante de la valoración de las Naciones Unidas, con 5,5.

Los últimos de su ranking de confianza son Al Qaeda y los talibanes que reciben un 1,1 de nota.

Los inmigrantes afincados en España están a gusto en el país y lo demuestran con este porcentaje tan elevado: el 83 por ciento de los encuestados se considera adaptado a la vida y a las costumbres españolas.

Pero hay más datos que evidencian esta buena valoración: el 74 por ciento dice que en el país se acoge bien a los inmigrantes y el 67 declara sentirse claramente a gusto en España (un 24 por ciento muy bien y un 43 bastante bien).

Es más, sólo el diez de los inmigrantes musulmanes asegura relacionarse exclusivamente con personas de su misma nacionalidad, y el 15 dice hacerlo exclusivamente con personas de su misma religión.

Además, en su gran mayoría tienen un dominio razonable del español, y entre quienes residen en el litoral mediterráneo, un tercio dice poder manejarse en catalán o valenciano.

Los musulmanes residentes en España entienden y practican un islam tolerante y abierto, si tenemos en cuenta que el 82 por ciento de los encuestados piensan que no hay ninguna religión superior a las demás o que el 80 considera que los no creyentes tienen el mismo valor y dignidad como personas que los que sí lo son.

El 92 por ciento, además, considera que nunca se debe recurrir a la violencia como forma de defender o difundir las creencias religiosas.

La mayoría de los encuestados, en concreto el 53 por ciento, se define como musulmán muy practicante, mientras que un tercio del total dice que practica ocasionalmente su religión.

Sólo una décima parte del total de los encuestados declara haber encontrado algún tipo de obstáculo a la hora de practicar su religión en España.

Por último, más de un 70 por ciento piensa que los países occidentales tienen un nivel de vida muy alto y que en ellos hay un elevado grado de libertad y tolerancia, una opinión que no definiría tanto, a su juicio, a los países árabes.

Entidades debatem integração profissional na faixa de fronteira



A imigração de trabalhadores bolivianos para o Brasil e outros países da América Latina e da Europa foi tema de um encontro realizado entre no dia (18) e sábado (20), em Puerto Quijarro, na fronteira com Corumbá. O evento envolveu dirigentes sindicais da Central Operaria Boliviana (COB/Bolívia), Central Única dos Trabalhadores (CUT/Brasil) e União Geral dos Trabalhadores (UGT/Espanha). No decorrer dos trabalhos, que tiveram apoio do Ministério de Relação Exteriores do país ibérico, foi discutida uma agenda positiva de trabalho que favoreça a maior integração profissional e educacional na região de fronteira dos dois países.

Esta e a primeira iniciativa de entidades sindicais dos trabalhadores para alinhavar ações conjuntas de lutas e identificar as causas e consequências do fluxo migratório de operários dos distritos e departamentos da faixa de fronteira para cidades brasileiras, principalmente São Paulo - cuja rota principal inclui Corumbá - e outros países, como a Espanha. Só no Brasil, a comunidade de trabalhadores bolivianos já ultrapassa os 500 mil operários, concentrados principalmente nos setores de confecção ou de serviços domésticos. A estimativa de imigração boliviana em todo o mundo, segundo dados extra-oficiais, já supera 2,5 milhões de pessoas.

O desenvolvimento freado, a falta de empregos e de qualificação profissional foram apontados pelos sindicalistas e dirigentes populares bolivianos como a principal causa da imigração. Como exemplo, eles citaram a instalação da Mineradora Mutun, em Puerto Soares, que não amenizou a situação do desemprego na região, pois das 2 mil vagas acordadas pelo grupo indiano com o governo boliviano sobraram aos moradores das províncias da região somente os empregos terceirizados, de baixos salários, pois não foi implantado um plano de capacitação profissional prévia de mão-de-obra.

Os dirigentes reivindicam também a formatação de acordo bilateral que garanta o cumprimento dos direitos trabalhistas e de melhores condições de trabalho aos imigrantes bolivianos que deixam seus países, filhos e familiares em busca de emprego e qualidade de vida no Brasil e na Europa. "Não temos alternativa, ou imigramos ou somos obrigados a ver nossos filhos envolverem-se com narcotráfico para garantir sua sobrevivência", reclama uma dirigente popular boliviana.

Os imigrantes também cobram de ambos os governos, brasileiro e boliviano, a implantação de políticas públicas que levem ao desenvolvimento econômico e social dos departamentos localizados na faixa de fronteira. Umas das alternativas apontadas para o curto prazo seria a celebração de convênios bilaterais que garantam acesso de estudantes bolivianos a cursos técnicos da rede federal de ensino brasileira.

Os sindicalistas bolivianos defendem a aproximação política com sindicalistas brasileiros, principalmente de Mato Grosso do Sul, no sentido de trocar experiências e lutas conjuntas para o cumprimento dos direitos trabalhistas e implantação do sistema de Previdência e Seguridade Social na Bolívia. Eles também destacam, nesse contexto, o fortalecimento da agricultura familiar, melhoria da condições de trabalho no setor mínero-siderúrgico, organização sindical no setor público e investimentos conjuntos em infra-estrutura, com o asfaltamento da La Carretara.

Outra proposta apresentada foi a discussão do modelo de desenvolvimento econômico da região pantaneira e da faixa de fronteira. Nela predominam o comércio informal de produtos importados, o modelo da monocultura da soja na região de Santa Cruz da La Sierra, a concentração fundiária na pecuária extensiva, empregos em atividades primárias como frigorífico e mineração e, mais recentemente, em Mato Grosso do Sul, a produção de cana de açúcar e florestas de eucalipto. Por fim, as centrais sindicais sinalizaram a realização de uma nova rodada de discussões, prevista para outubro, em Santa Cruz, cujo tema será a organização e direitos dos servidores públicos, além das experiências sobre a qualificação profissional e agricultura familiar.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Remesas de ecuatorianos subieron 13,9% en segundo trimestre de 2011


Los emigrantes ecuatorianos enviaron a su país remesas por 626,4 millones de dólares en el segundo trimestre de 2011, lo que representó un aumento de 13,9% con respecto a igual período de 2010, informó el jueves el Banco Central (BC) de Quito.

Según el reporte, el flujo de envíos entre abril y junio último, producto de 1,7 millones de operaciones, subió 6,2% frente al primer trimestre de 2011, cuando los ecuatorianos giraron 589,7 millones de dólares al país.

El BC indicó que Estados Unidos es el primer país de origen de las remesas de los ecuatorianos, llegando en el segundo trimestre de 2011 a 271,2 millones de dólares (43,3% del total).

Detrás se ubican España con 260,9 millones de dólares (41,6%) e Italia con 36,8 millones (5,9%). Otras naciones representaron el 9,2% de los envíos (57,5 millones de dólares).

‘La recuperación de las remesas familiares en el segundo trimestre de 2011 se imputa al modesto crecimiento económico de Estados Unidos y España, países en los cuales reside una gran parte de la población emigrante’, apuntó el informe.

El BC señaló que pese a ese repunte, los recursos provenientes de España e Italia han decaído con respecto a años anteriores.

En el primer caso, el descenso se atribuye ‘a las altas tasas de desempleo’, mientras que en el de Italia a los ‘excesivos controles impuestos y la consecuente persecución a los emigrantes’.

Además, ‘los gobiernos de la Unión Europea (UE) establecieron una norma para reforzar el papel de la Agencia de Control de Fronteras (FRONTEX) en la lucha contra la inmigración ilegal’, añadió el organismo.

França exigirá de estrangeiros domínio pleno do francês


O ministro do Interior da França, Claude Guéant, informou que será exigido dos imigrantes domínio intermediário da língua francesa para que permaneçam no país. Segundo ele, será cobrado um nível de francês comparado ao de um estudante que completou a educação obrigatória – ou seja que estudou cerca de dez anos na França.

Pelos cálculos, Guéant disse que no prazo de um ano reduzirá em 20 mil os casos de imigração legal. De acordo com o ministro, todos os anos a França recebe oficialmente cerca de 200 mil estrangeiros. A ideia é limitar a 30 mil imigrantes a partir deste ano.

Claude Guéant enviou um documento com a nova orientação para os prefeitos de todo o país. Na França, os prefeitos é que concedem os vistos e naturalizações aos estrangeiros. No documento, o ministro pede que todos os critérios sejam verificados e obedecidos.

“Eu quero que a identidade da França e a escolha de vida dos franceses sejam respeitados”, disse Guéant. “O Estado laico e a igualdade entre homens e mulheres são outros princípios da República que devem ser compartilhados por quem quer se instalar no país”, avisou.

Em outubro, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, terá de prestar esclarecimentos públicos sobre as questões relativas à identidade nacional na França e ao lugar dos imigrantes na sociedade. O tema será discutido durante a convenção do partido do presidente, o União por um Movimento Popular (UMP).

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Policías mexicanos vendieron a un guatemalteco por US$ 40 para ser linchado


El hecho ocurrió en Tultitlán, localidad vecina de Ciudad de México. El lugar es paso habitual de migrantes pues por allí pasa "La Bestia", el tren de carga que miles de polizontes usan para llegar a la frontera sur estadounidense.

La muerte de Julio Fernando Cardona ocurrió el 8 de agosto en los alrededores de un albergue para migrantes. Según Amnistía Internacional, el sitio ha sido blanco de amenazas cotidianas, razón por la que pidió al gobierno que lo proteja.

El linchamiento del joven, que había participado en julio en una caravana de familiares de centroamericanos que buscaban a migrantes desaparecidos en México, originó una protesta ante la Embajada mexicana en Guatemala, mientras que la Cancillería de ese país denunció la posible complicidad policial.

El sacerdote Hugo Raudel, director de la Casa del Migrante de San Juan Diego, que alberga a unos 2 mil inmigrantes, casi todos centroamericanos, señaló que la policía detuvo a Cardona y lo subió a una patrulla. "Los policías lo suben pero no lo entregan (a la Fiscalía), sino que lo anduvieron y lo entregaron por 500 pesos (US$ 40)" a un grupo de jóvenes, exaltados porque los habían robado, afirmó.

Cardona fue linchado mientras le reclamaban que devolviera lo que supuestamente había hurtado, aunque varios testigos coinciden en que el guatemalteco de 19 años, que iba hacia la ciudad estadounidense de Boston, no tuvo que ver con el asalto.

"Los policías habían detenido al que no era, se equivocaron", señaló a la agencia AFP un residente temporal del albergue, que habló con la condición de conservar el anonimato. Este testigo también dijo que los policías cobraron 500 pesos por entregarlo.

La versión oficial de la policía asegura que la patrulla acudió al llamado de un vecino que denunció una golpiza a un joven. Sin embargo, varias personas del lugar señalan que arribaron antes. "Primero llegaron los policías y ellos negociaron por unos billetes para dejar que lo golpearan", dijo un migrante hondureño que se identificó sólo como Mervin.

El gobierno guatemalteco, que aseguró que asumirá la totalidad de los gastos para regresar los restos de Cardona a su pueblo natal, fue informado de que dos personas habían sido detenidas por el asesinato. Por el momento, se desconoce la nacionalidad y la identidad de los sospechosos.

Según el gobierno Mexicano, unos 140 mil migrantes, principalmente centroamericanos, cruzan el país para llegar a los Estados Unidos, aunque algunas ONG los cifran en más de 400 mil y denuncian que miles son asaltados, abusados y secuestrados con complicidad de las autoridades.

Número de trabalhadores portugueses em Espanha em queda


Dados do Ministério do Trabalho e Imigração referem que em Julho estavam em Espanha 48.775 trabalhadores portugueses, menos 685 que em Maio


O número de trabalhadores portugueses voltou a cair no mês passado, depois de um ligeiro aumento em Maio, retomando assim a tendência que se vinha a verificar e que começou com o início da crise económica.

Dados do Ministério do Trabalho e Imigração referem que em Julho estavam em Espanha 48.775 trabalhadores portugueses, menos 685 que em Maio, mês em que se registou o último crescimento em vários meses.

Grande parte da mudança deve-se à queda no sector agrário, onde se perderam mais de 550 empregos relativamente a Maio.

A comunidade de trabalhadores portugueses actualmente a realizar descontos em Espanha é bastante mais reduzida do que antes do início da crise económica.

Uma redução que, entre outros indicadores, se materializa no número de portugueses desempregados em Espanha, que se multiplicou por 10 desde o final de 2007, último ano antes da crise económica.

Desde 2007 perderam-se quase 36 mil postos de trabalho para portugueses em Espanha, o que representa uma queda de cerca de 42 por cento do total (eram na altura mais de 84.600).

terça-feira, 23 de agosto de 2011

El derecho a la salud sexual y reproductiva de las inmigrantes


Un informe delinea el panorama en el que uno de los grupos migrantes más numerosos en Argentina, las mujeres bolivianas en edad reproductiva, accede a la atención pública de su salud.

‘Para nosotras parir con dolor tiene un significado muy grande, es el binomio, que está muy junto, muy intrínseco entre madre e hijo. Entonces por ejemplo: cuando ya estás por parir y te pasan el Pervinox y te dicen ‘te vamos a hacer un tajito’, nosotras decimos, ‘bueno sí, sí, sí, doctora’, no decimos nada, vamos y parimos en el baño, como sabemos, una mano sostenida, una mano al bebé y parimos. Bueno, eso también está tildado como ‘uy, estas bolivianas son animales, van y tienen sus bebés en el baño’.

El testimonio pertenece a una mujer boliviana y conjuga en pocas líneas la realidad que enfrentan muchas migrantes al acceder a los servicios públicos de salud y salud reproductiva de Argentina. Un escenario en el que la certeza sobre la igualdad de derechos que promueve las ley sigue coexistiendo con formas sutiles y a veces no tan sutiles de discriminación, agravadas por la escasez de recursos que enfrentan los hospitales y centros de salud pública del país.

El informe Salud y migración internacional: mujeres bolivianas en Argentina, elaborado por la socióloga Marcela Cerruti, con el apoyo del Fondo de Población de las Naciones Unidas (Unfpa), se enfoca en la salud de uno de los grupos migrantes en crecimiento en el país, las mujeres bolivianas en edad reproductiva.

Se llevó a cabo en las zonas de mayor concentración de población migrante boliviana, la zona fronteriza de la provincia de Jujuy por un lado y la Ciudad Autónoma de Buenos Aires y el Gran Buenos Aires por el otro; zonas que, aún con características propias, comparten rasgos comunes: la prevalencia de brechas culturales, diferentes grados de xenofobia y un gran desconocimiento de la cultura migrante por parte de los profesionales de la salud.

Conocer para planificar

¿Cuál es el primer paso para mejorar la atención de la salud de las poblaciones migrantes? Para Cerruti es fundamental conocer a las pacientes y sus necesidades más urgentes y así elaborar estrategias efectivas. En esta dirección aporta datos concretos y cifras que revelan el estado de la creciente feminización de la migración boliviana en Argentina y aporta coordenadas para orientar la acción.

Según estadísticas de la Dirección Nacional de Migraciones, en el primer trimestre de 2011, los bolivianos y bolivianas representaron más del 30 % de las radicaciones totales en Argentina. Paralelamente, a partir del año 2001 el número de mujeres bolivianas residentes en Argentina pasó a equiparar al de varones, superándolos en la zona fronteriza. De las migrantes que arribaron al país, más de dos tercios en Jujuy y más de la mitad en CABA, fueron madres entre los 20 a 24 años y el 94 por ciento de ellas lo hizo estando en pareja. Las mujeres de Bolivia tienen el doble de hijos que las argentinas y cuatro de cada diez madres bolivianas nunca buscó quedar embarazada.

En general, transitan su embarazo en condiciones precarias de trabajo y vivienda y menos de la mitad completa los controles prenatales básicos; sin embargo dan a luz niños de mayor peso que las argentinas y con escasas complicaciones al nacer: “En la amplia mayoría de los casos, los partos no presentan dificultades, ni para las madres, ni para los niños mientras que el 6,9% de los recién nacidos de madres argentinas tienen bajo peso al nacer, la proporción entre los neonatos de madres bolivianas es de 2,2%”, afirma Cerruti.

Esta paradoja podría adjudicarse, entre otras cosas, al bajo índice de fumadoras que presenta esta población (solo el 4,4% de las mujeres bolivianas fumaba durante el embarazo, cinco veces menos las argentinas).

En cuanto a la atención sanitaria las migrantes bolivianas tienen como único que oscila entre el sistema de contención la salud pública. Solo una minoría, puede recurrir a otro tipo de servicio, a través de una obra social y el 15%, o de medicina prepaga.

Médicos, médicas y pacientes

‘La sensación es de todos, de que no queremos que vengan, de que ’Uh, que vienen de Bolivia, que por qué no se van a Bolivia’. Sí, todos decimos lo mismo’.

’El testimonio de este médico de Jujuy ejemplifica uno de los problemas más graves entre los que afectan la calidad de la atención. La ley 24871de Migraciones establece el derecho al acceso, no discriminatorio, del inmigrante y su familia a los servicios de salud. Si bien está claro que la atención no puede negarse u obstaculizarse, entre algunos médicos, médicas y trabajadores de la salud persisten ciertas actitudes xenófobas’, afirma Cerruti.

A la desvalorización de las pautas culturales se suma, particularmente en los servicios de salud reproductiva, la noción de ilegitimidad del derecho al acceso al sistema de salud, circunstancia que se agrava por la crisis presupuestaria, edilicia y de recursos en la que esta sumido el sistema de salud en general.

Para los profesionales que intentan mejorar la atención de la comunidad migrante existen otras barreras: ’De la población a la que asistimos, debe ser en la que encontramos mayores dificultades. Porque en realidad no sabemos si es que no nos entienden, porque no nos contestan y vos no sabés si no te dan una respuesta porque no te la quieren dar o porque no entienden lo que uno está preguntando. Es una población en la que el interrogatorio se hace difícil’, dice un médico de la CABA.

Salud sexual y reproductiva. Integrar y capacitar

‘Si uno habla de ligaduras, lo tienen que consultar con el marido; si sugiere anticoncepción, tienen que tener la aprobación de la pareja. Culturalmente son menos independientes, menos autónomas en decisiones, la mayoría.’ Como afirma esta médica de la Ciudad de Buenos Aires, el estudio indica que las mujeres bolivianas tienen escasa autonomía sobre las decisiones reproductivas por el machismo reinante y que es el varón quien maneja en general la sexualidad de la mujer y la planificación familiar.

En este contexto fuertemente patriarcal, un poco por comodidad y porque puede usarse sin que el marido se entere, el método anticonceptivo preferido por las migrantes es el inyectable que se aplica una vez al mes. Cuando el hospital se queda sin estos anticonceptivos resulta imposible suplantar el método por otro más accesible, como el preservativo, porque implica la aceptación del varón.

Para algunos médicos y médicas la solución radicaría en incorporar al varón en la planificación familiar y las políticas de salud reproductiva. En la opinión de una de las profesionales de la salud que cita el informe: ’Podemos tratar de llegar con políticas de educación sexual a la mujer, pero si no integramos al esposo se hace difícil que se cumpla. A veces los planes se editan para la cultura argentina y no se toman en cuenta estos detalles’

Atendiendo las diferencias. Estrategias de acción

El estudio destaca iniciativas aisladas, estrategias individuales fruto de grandes esfuerzos por parte de algunas instituciones y trabajadores de la salud que se proponen achicar la brecha para mejorar la calidad de la atención. Tal es el caso de la incorporación de sillones de parto que permiten el parto en cuclillas, una práctica tradicional entre las madres bolivianas. Como explica una médica de CABA :’ A raíz de que las bolivianas parían en cuclillas, empezamos a trabajar sobre el parto en cuclillas. Se les ofrece a todos, pero en general la comunidad boliviana es la que lo usa bastante. Nosotros les decimos que se pongan como quieran al momento de parir’.

En cuanto a iniciativas de capacitación en salud y salud reproductiva podrían destacarse las acciones de los profesionales que van al encuentro de la comunidad migrante fuera de los centros de salud, a través de organizaciones de migrantes, escuelas o en otros lugares de reunión de la comunidad. ‘Pero a pesar de los esfuerzos por optimizar la atención, el nivel de frustración de los médicos y médicas sigue siendo importante’ afirma Cerruti.

¿Es posible entonces elaborar estrategias que garanticen la igualdad de derechos que establece la ley? Para la socióloga la respuesta es afirmativa, pero señala la importancia del trabajo conjunto y la intervención de ambos estados: ‘Garantizar y promover la igualdad en la diferencia es un problema del Estado, por lo que deben diseñarse estrategias de carácter institucional. Sin embargo es necesario que el diseño e implementación de estas estrategias no sean solo cuestión del Estado argentino, sino fruto de un trabajo en conjunto, en el que el Estado boliviano y las organizaciones de inmigrantes trabajen codo a codo con los actores locales para promover el bienestar de su comunidad’.

Fuente: Mujeres líderes iberoamericanas


Dez coisas que você precisa saber sobre as mudanças anunciadas por Obama em relação às deportações


Mudanças na imigração trazem um alívio, mas tem que ficar atento


No dia 18 de agosto a administração do Presidente Obama, anunciou mudanças que poderão beneficiar imigrantes, que estão em processo de deportação. Infelizmente isto não é uma anistia, mas devemos ser otimistas e trabalhar em solidariedade em prol uma reforma imigratória.

A seguir algumas informações que esclarecerão este novo anúncio:

1-Todos os 300 mil casos atualmente em processo de deportação serão revistos por altos funcionários do DHS. Os juízes de imigração e advogados do ICE também irão rever seus casos em uma base diária e semanal para ter certeza de que qualquer caso que vai à frente é consistente com prioridade de acordo com as novas regras do DHS.

2- O anúncio é somente sobre casos de deportação. Este anúncio é uma tentativa de “desobstruir” o número alto de casos de deportações, removendo os que têm “baixa prioridade” a fim de se concentrar em indivíduos que tenham antecedentes criminal.

3- “Alta prioridade” inclui indivíduos que representam uma séria ameaça à segurança nacional, são criminosos graves e reincidentes, membros de gangues, ou ter um registro de violações de imigração repetido, mas não estão limitados somente a tal critério.

4- “Baixa-prioridade” inclui indivíduos como tal veteranos; residentes legais; estudantes e outros trazidos para os EUA como crianças; mulheres grávidas; vítimas de outros crimes graves e violência doméstica, e cônjuges, incluindo LGBT. Mas não estão limitados somente a tal critério.

5- Indivíduos em processo de deportação que são considerados “prioridade baixa” vai receber uma carta do DHS afirmando que o seu caso foi cancelado.

6- Aqueles cujo processo de deportação for cancelado, podem aplicar para um programa de autorização de trabalho. Decisões sobre autorizações de trabalho serão analisada caso a caso.

7- Imigrantes indocumentados que não estão em processo de deportação não podem aplicar para autorização de trabalho.

8- Os indivíduos não devem tentar se colocar em processo de deportação, a fim de solicitar uma autorização de trabalho.

9- Essas mudanças não beneficiam os imigrantes indocumentados que não estão em processo de deportação

10- O anúncio não altera programas como Comunidades Seguras e programa 287g. Isto não é anistia. Esta é uma mudança processual na implementação de políticas de execução da DHS para atingir somente aqueles que representam sérias ameaças para os EUA e aqueles com longos registros criminais.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Reino Unido: expulsarão a estrangeiros por participar em distúrbios



As autoridades britânicas expulsarão os imigrantes que participaram nos recentes distúrbios nesta capital e em outras cidades inglesas, confirmou hoje uma fonte oficial.

Segundo o ministro de Imigração Damian Green, citado pelo diário The Daily News, trata-se de 150 estrangeiros detentos depois das revoltas, cujo ponto inicial teve por palco o bairro multiétnico de Tottenham, depois da morte de um homem de 29 anos, abatido pela polícia.

Cremos firmemente que os estrangeiros que violam a lei devem ser expulsos do Reino Unido à primeira oportunidade, assinalou Grenn.

Também indicou que o Governo tem potestade de cancelar os vistos de imigrantes que sejam declarados culpados de atividades criminosas.

Os incidentes violentos, ocorridos de 6 a 9 de agosto últimos, tiveram por saldo cinco mortos e cerca de três mil detentos dos quais mais de mil já passaram por algum tribunal.

Após os fatos, o premiê britânico, David Cameron, reclamou sentenças severas dos tribunais contra os responsáveis.

Ativistas de direitos humanos criticam a decisão de alguns juízes em tribunais capitalinos contra detentos durante e após os distúrbios, vista por muitos como o resultado da frustração e a falta de assistência aos bairros pobres no Reino Unido.

Para a oposição os fatos foram consequência de males sociais mais profundos, aprofundados pelos recortes à despesa pública em frente à dívida fiscal.

O ex-prefeito de Londres, o trabalhista Ken Livingstone, vinculou o conflito com a situação econômica que atravessa esta nação européia, onde o número de desempregados ascende a dois milhões 494 mil pessoas.

Teatro Grátis em São Paulo: Porão do Centro Cultural São Paulo será palco do espetáculo “Caminos Invisibles... La partida”


Performance terá confecção de roupas em cena, feitas com pelo de cachorro que foram tosados na cidade; poesia latina se mistura com linguagem multimídia e música ancestral com sonoridades contemporâneas

Moda, imigração e sustentabilidade são alguns dos ingredientes do espetáculo, dirigido e interpretado pela multiartista Carina Casuscelli. A problemática das grandes metrópoles, com o enfoque nos imigrantes irregulares versus mão de obra escrava e consequentes condições subumanas, restam como saída de sobrevivência e artificio da indústria da moda.

O porão do Centro Cultural São Paulo será palco, em setembro, de “Caminos Invisibles ... La partida”, espetáculo da Cia. Nova de Teatro que este ano comemora seus 10 anos de existência. As comemorações ainda incluem um ciclo de palestras, workshops e oficinas.

O repertório abrange o início da trajetória de imigrantes sul-americanos, com destaque para os povos andinos, que deixam seus países em busca de melhores condições de vida e chegam à grande metrópole paulistana. Este cenário se funde com as ilegalidades na luta pela sobrevivência. A moda mobiliza a problemática social que de forma hilária satiriza o mercado de massa, abastecido pela mão de obra escrava do imigrante.

Casuscelli comenta que tudo em sua peça é autossustentável, um paralelo que faz com a atual sociedade, onde tudo é comercializado e ser sustentável é condição de sobrevivência, ou seja, em direção a estes passos a peça apresentará produtos de moda, frutos do trabalho de imigrantes. Bolsas e t-shirts serão confeccionadas no espetáculo e serão comercializadas para garantir seu auto sustento. “Produtos sustentáveis em favor de seu auto sustento”.

A estilista é idealizadora do movimento “A democracia dos corpos”; e criadora da primeira grife para mulheres com nanismo e para pessoas fora dos padrões. Carina buscou na metrópole um paralelo ao demando pelo da Llama dos Andes: o pelo de cães, hoje abundantes na cidade repleta de Pet Shops.

Outro aspecto abordado que merece atenção são os teasers criados por Casuscelli, que utiliza de sua vivência como artista multimídia, com o mix do contexto das irregularidades a realidade das redes sociais e sua consequente intervenção na vida das pessoas, a criação de um vídeo em uma das redes sociais mais populares será alvo de comentários sobre todos os questionamentos desta trama.

Para Lenerson Polonini, diretor artístico da Companhia Nova de Teatro, Caminos Invisibles se configura como um esforço de romper com os esteriótipos, revelando a riqueza e beleza de uma cultura de 15.000 anos e ao mesmo tempo, marca um novo momento no trabalho de pesquisa da Cia, investindo em uma dramaturgia própria, desconstruindo alguns procedimentos adotados em trabalhos anteriores, mas sem abrir mão do aspecto performatico, uma das principais caracteristicas ( ou marca) nos trabalhos da Cia.

Uma visão contemporânea e emergente sobre os processos migratórios, mesclando música tradicional andina, canto, dança, textos em quéchua e aymará, teatro documental e vídeos.

O encontro dessas raízes, ancestralidades e identidades se confrontam com o cotidiano da metrópole, em cenas, algumas vezes, áridas, surreais e até tragicômicas.

Fé, força e perseverança, toda riqueza da cultura andina vem à tona e funde no cenário urbano da grande São Paulo e em forma de ritual xamânico. Toda pesquisa e riqueza da indumentária típica do povo andino estão entre os outros destaques da peça e fazem parte do trabalho de pesquisa da diretora em seus mais de cinco anos de estudo sobre os povos andinos no Brasil, o espetáculo marca o intercâmbio da Cia. Nova de Teatro com um dos grupos mais importantes do teatro latino – o grupo peruano YUYACHKANI – que, em 2011, comemora seus 40 anos. A atriz Ana Correa, do Yuyachkani, ministrará um dos workshops abordando a metodologia utilizada pelo grupo peruano.

“Caminos Invisibles”
Temporada de 23 de setembro a 16 de outubro
Sex. e Sábado: 21h00 e Domingo: 20h00
Centro Cultural São Paulo – Espaço Cênico Ademar Guerra
Rua Vergueiro, 1.000, (11) 3397-4002
Entrada Gratuita
Lotação: 80 lugares

domingo, 21 de agosto de 2011

Advogado brasileiro alerta sobre os direitos do trabalhador nos EUA


O estrangeiro ilegal tem os mesmos direitos e deveres de um trabalhador com o “Green Card” ou de um cidadão norte-americano

O trabalhador ilegal ou indocumentado tem direito quando sofre um acidente de trabalho? Mito ou realidade? Realidade. Sim, em casos de acidentes de trabalho, o estrangeiro ilegal tem os mesmos direitos e deveres de um trabalhador com o “Green Card” ou de um cidadão norte-americano. Primeiro, a lei de imigração nos Estados Unidos é completamente federal e não diz respeito às perdas e danos em acidentes trabalhistas, enquanto a lei de acidentes de trabalho é estadual. Imigração é lei do U.S. Congresso Federal (legislativo) enquanto que as leis de compensação por acidentes de trabalho são, na maior parte, leis estaduais (executivo e judiciário de cada estado). O sistema judiciário também é muito diferente entre essas duas áreas.
Segundo, em 1996, o Tribunal Superior de Nova Jersey já decidiu a questão do imigrante ilegal e seus direitos em casos de acidentes no trabalho. No caso Mendoza v. Monmouth Recycling Corporation, 288 N.J. Super. 240, 672 A.2d 221 (1996), o estado decidiu que o imigrante ilegal pode receber seus benefícios médicos e financeiros por acidentes de trabalho, mesmo que esteja também trabalhando ilegalmente. O Tribunal Superior também citou que o fato do imigrante ser ilegal e não poder receber seguro desemprego, não quer dizer que o trabalhador ficará sem os benefícios de seus patrões no caso de acidentes. Portanto, se o imigrante ilegal se acidentar no trabalho, pode receber ajuda financeira e médica de seus patrões, bem como um percentual de perdas e danos.
Finalmente, assim como a lei do estado nos obriga a ter o seguro de automóvel, todo empregador tem que ter o seguro contra acidentes de trabalho para proteger o trabalhador, seja ele ilegal ou não. A lei também diz que os empregadores não podem demitir o empregado ilegal porque entrou com um processo para obter seus direitos. Na verdade, quem paga os benefícios e as despesas médicas é o seguro, e o processo de acidente de trabalho é geralmente de natureza administrativa.
Em minha experiência como advogado, tive vários clientes que sofreram acidentes e conseguiram todos os seus benefícios, mesmo sendo imigrantes ilegais, disse o advogado brasileiro Flavio Van Boekel. Os processos correm geralmente de maneira normal sem nenhum problema para o imigrante que está aqui, e a maioria dos ¬imigrantes continua traba¬lhando normalmente, uma vez que a lei mesmo diz que ele pode receber benefícios.
Resumindo, nenhum empregador pode se aproveitar do fato de que o trabalhador é imigrante ilegal como defesa. Defesa nesse caso é quando o acidente não foi comunicado ao empregador. Quando um imigrante se acidenta deve procurar logo um advogado, pois há leis que proíbem a abertura do processo depois de algum tempo. Por exemplo, em acidentes de trabalho, a pessoa tem somente até 90 dias depois do acidente para fazer um registro do ocorrido e comunicar ao seu gerente, supervisor, ou até mesmo um advogado. Senão nunca mais poderá abrir o processo, salvo raras exceções. Mesmo fazendo o registro, a pessoa tem somente dois 2 (dois) anos para entrar com um processo, ou nunca mais poderá receber benefícios por aquele acidente. Por isso, é muito importante não demorar para esclarecer suas dúvidas e obter esses recursos disponíveis.
Mais informações podem ser obtidas com o advogado brasileiro Flavio Van Boekel através do e-mail: flavio.vanboekel@gmail.com ou tel.: (732) 510-2332.

Representante do Ministério da Justiça reforça preocupação com fronteira brasileira



Na Colômbia, Aldenor de Souza e Silva disse que a abertura das fronteiras proporciona uma visão de que estas não representam limites ao alcance da justiça

O Chefe da Divisão de Estudos e Pareceres do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, Aldenor de Souza e Silva, revelou que o Governo brasileiro tem demonstrado preocupação com o fortalecimento da cooperação em matéria de segurança pública nas áreas de fronteira e com o desenvolvimento das cidades e municípios daquela região.
Aldenor de Souza e Silva foi um dos participantes do segundo dia do Seminário Internacional de Zonas Francas, que está sendo realizado em Letícia, na Colômbia, pela Comision Regional de Competitividad Amazonas (CRCA), com apoio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
A preocupação também foi demonstrada pelo representante da Superintendência Nacional da Administração Tributária do Peru (SUNAT), Manuel Anderson Venegas Segura, é decorrente da grande extensão territorial das fronteiras do Brasil com os demais países e o grande fluxo de imigração e emigração que ocorre.
Segundo o representante do Ministério da Justiça, se por um lado a abertura das fronteiras é forma de tratamento humanitário aos migrantes, paralelamente, proporciona uma visão de que estas não representam limites ao alcance da justiça.
Aldenor de Souza explica que além dos fluxos de bens, serviços, capitais e pessoas, as fronteiras são utilizadas como instrumento de transnacionalização dos crimes, uma vez que a criminalidade vale-se do menor controle para fazer com que objetos, instrumentos e produtos do crime transitem entre os países coligados.
Para combater o crime organizado e garantir a proteção e defesa dos recursos naturais da Região, os Governos do Brasil e da Colômbia assinaram, recentemente, acordo para realização de ações conjuntas e coordenadas na proteção e resguardo da fronteira comum.
O acordo, firmado no âmbito do Plano Estratégico de Fronteiras (PFRON) – lançado em junho pela Presidenta Dilma Rousseff – também prevê criação da Comissão Binacional Fronteiriça (COMBIFRON) e do Plano Binacional de Segurança Fronteiriça entre os dois países.
As programações do evento internacional, que reúne representantes do Brasil, Colômbia e Peru, em Letícia, terminaram nesta sexta, 19, tendo como destaque a palestra do representante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e do Ministério de Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia.

sábado, 20 de agosto de 2011

Muda a regra para visto permanente a estrangeiro aposentado


O Conselho Nacional de Imigração publicou nesta sexta-feira, no Diário Oficial da União, mudanças nas regras para concessão de visto permanente a estrangeiros aposentados.
De acordo com a resolução normativa, o Ministério das Relações Exteriores poderá conceder visto permanente a estrangeiros aposentados acompanhados de até dois dependentes que comprovarem poder transferir mensalmente para o Brasil um montante igual ou superior a R$ 6 mil (em moeda estrangeira).
Caso o interessado tenha mais de dois dependentes, ele será obrigado a transferir ainda a quantia igual ou superior a R$ 2 mil (em moeda estrangeira) para cada dependente a mais.
Além disso, a publicação também define duas possibilidades para as sociedades civis ou comerciais que quiserem indicar um estrangeiro para exercer a função de administrador, gerente, diretor ou executivo. Em uma delas, deverão comprovar um investimento em moeda estrangeira em montante igual ou superior a R$ 600 mil por profissional. A comprovação será feita mediante a apresentação do Registro Declaratório Eletrônico de Investimento Externo Direto no Brasil (Sisbacen).
Outra possibilidade para a empresa que quiser indicar um estrangeiro para administrador, gerente, diretor ou executivo é comprovar, além de investimento igual ou superior a R$ 150 mil, a "geração de dez novos empregos, no mínimo, durante os dois anos posteriores a instalação da empresa ou entrada do Administrador, Gerente, Diretor ou Executivo".
A resolução não é retroativa, e entra em vigor na data de sua publicação.

Imigrantes ilegais também têm direito à saúde



A opção de viver como imigrante ilegal no exterior traz consigo inúmeras dificuldades. Entre elas, dependendo do país, estão os tratamentos de saúde. Na Europa, alguns países como a Grã-Bretanha oferecem serviços de saúde gratuitos e qualquer pessoa é atendida sem distinção. Já na Holanda, todos os serviços de saúde são pagos e é exigido de todos os residentes no país que tenham um seguro médico, o que não é possível para um imigrante indocumentado.

O que muitas pessoas não sabem, no entanto, é que mesmo estando na Holanda ilegalmente, todos têm direito a atendimento médico, ainda que seja preciso pagar por isso. Nos casos em que o imigrante indocumentado realmente não tenha condições de arcar com os custos, existe um fundo especial – o CVZ - ao qual é possível recorrer. É o que explica Clívia Caracciolo, da Casa Brasil Holanda, ONG que atende imigrantes brasileiros no país e que está organizando encontros informativos para tratar deste tema.
“A necessidade surgiu porque pelo menos 4 a 5 vezes por semana nós recebemos telefonemas na Casa Brasil Holanda de pessoas perguntando sobre a possibilidade de consultar um médico, ir a um hospital, se eles têm que pagar ou se precisar por uma emergência, o que têm que fazer”, conta Clívia. "A princípio a saúde, a educação e o acesso à ajuda jurídica na Holanda são garantidos dentro da Convenção de Genebra e as pessoas não sabem disso. No caso, o brasileiro, mesmo que ele seja indocumentado, ele tem direito sim a recorrer a um hospital. O caso é que ele tem que pagar. Mas ele tem o direito de ter acesso ao atendimento médico e existe a possibilidade dele fazer uma negociação, e junto com esta negociação vem um fundo que garante o atendimento médico na Holanda. O paciente indocumentado, seja brasileiro ou de qualquer nacionalidade, que não tem um plano de saúde, pode ser atendido e vai ter que pagar uma quantia. Esta quantia é negociada com a administração do hospital, e se ele não pode pagar, este fundo garante também parcialmente o pagamento da consulta, ou do tratamento, ou do medicamento.”
Médico de família
Ao contrário do Brasil, onde em geral se procura diretamente um especialista, na Holanda todo paciente tem que passar primeiro por um clínico geral, o médico de família, que indicará ou não a consulta com um especialista. E mesmo imigrantes ilegais podem ter seu médico de família, sem medo de que isso possa lhes trazer algum tipo de problema.
“Em cada bairro existe um médico de família. Eles trabalham aqui conforme o código postal. Então a pessoa tem que ver qual é o médico correspondente ao seu bairro. Ele vai ao médico com o seu passaporte, ele se registra, e qualquer dado pessoal dele não é repassado, porque primeiro existe a questão ética, e segundo existe a questão da confidencialidade. Saúde é confidencial na Holanda, então o indocumentado, o que não tem a permanência, não tem a residência oficial na Holanda, ele pode ir com o seu passaporte brasileiro ou qualquer outro documento a um médico de família e se registrar”, explica Clívia.
Barreiras
Embora pareça simples, são muitas as histórias de imigrantes ilegais na Holanda que deixam de procurar um médico quando precisam por desinformação, por medo de serem denunciados ou simplesmente por não dominarem o idioma.
“Recentemente nós recebemos uma denúncia de um pai que levou uma criança a um hospital conveniado com este fundo e também não foi atendido”, conta Clívia. “Pra se chegar até um hospital na Holanda, precisa-se de uma carta de encaminhamento do médico de família. Esse pai chegou com a criança lá com a carta de encaminhamento do médico de família e foi recusado na recepção do hospital. Isso é totalmente irregular. Nesse caso, em que existe uma reclamação, a pessoa tem que entrar com queixa numa comissão de ética do próprio hospital.”
Gravidez
São também comuns os casos de mulheres que engravidam e não sabem quais são seus direitos em relação ao atendimento médico.
“A mulher gestante tem, independentemente de qual seja o status dela aqui, a garantia de receber os cuidados pré natais e os cuidados pós natais”, frisa Clívia Caracciolo. “Até seis semanas depois do parto ela não pode ser deportada. E se ela está gestante, a partir da 12ª semana de gravidez ela pode se dirigir a uma parteira. Na Holanda ainda existe a cultura de ter filho em casa e se ela quiser ter este acompanhamento, a parteira também vai manter a confidencialidade a respeito da identidade desta mulher a vai acompanhá-la durante todo o processo de gravidez. Da mesma forma, se ela quiser ter um filho no hospital, se não quiser seguir este padrão cultural holandês, ela também, através da parteira, pode dar à luz no hospital. Outro fator importante é que uma criança, mesmo nascida de uma mãe indocumentada, pode ser registrada na prefeitura. A própria parteira pode ir lá e registrar a criança. Agora, ter a nacionalidade é uma outra situação. A questão do registro é para que a criança não fique sem identificação a partir do momento que nasce.”

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Roupas da Zara são fabricadas com mão de obra escrava

Em recente operação que fiscalizou oficinas subcontratadas de fabricante de roupas da Zara, 15 pessoas, incluindo uma adolescente de 14 anos, foram libertadas de trabalho escravo contemporâneo em plena capital paulista


Por Bianca Pyl* e Maurício Hashizume

São Paulo (SP) - Nem uma, nem duas. Por três vezes, equipes de fiscalização trabalhista flagraram trabalhadores estrangeiros submetidos a condições análogas à escravidão produzindo peças de roupa da badalada marca internacional Zara, do grupo espanhol Inditex.

Na mais recente operação que vasculhou subcontratadas de uma das principais "fornecedoras" da rede, 15 pessoas, incluindo uma adolescente de apenas 14 anos, foram libertadas de escravidão contemporânea de duas oficinas - uma localizada no Centro da capital paulista e outra na Zona Norte.

A investigação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP) - que culminou na inspeção realizada no final de junho - se iniciou a partir de uma outra fiscalização realizada em Americana (SP), no interior, ainda em maio. Na ocasião, 52 trabalhadores foram encontrados em condições degradantes; parte do grupo costurava calças da Zara.

"Por se tratar de uma grande marca, que está no mundo todo, a ação se torna exemplar e educativa para todo o setor", coloca Giuliana Cassiano Orlandi, auditora fiscal que participou de todas as etapas da fiscalização. Foi a maior operação do Programa de Erradicação do Trabalho Escravo Urbano da SRTE/SP, desde que começou os trabalhos de rastreamento de cadeias produtivas a partir da criação do Pacto Contra a Precarização e Pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo - Cadeia Produtiva das Confecções.

A ação, complementa Giuliana, serve também para mostrar a proximidade da escravidão com pessoas comuns, por meio dos hábitos de consumo. "Mesmo um produto de qualidade, comprado no shopping center, pode ter sido feito por trabalhadores vítimas de trabalho escravo".

O quadro encontrado pelos agentes do poder público, e acompanhado pela Repórter Brasil, incluía contratações completamente ilegais, trabalho infantil, condições degradantes, jornadas exaustivas de até 16h diárias e cerceamento de liberdade (seja pela cobrança e desconto irregular de dívidas dos salários, o truck system, seja pela proibição de deixar o local de trabalho sem prévia autorização). Apesar do clima de medo entre as vítimas, um dos trabalhadores explorados confirmou que só conseguia sair da casa com a autorização do dono da oficina, só concedida em casos urgentes, como quando levou seu filho ao médico.

Quem vê as blusas de tecidos finos e as calças da estação nas vitrines das lojas da Zara não imagina que, algumas delas, foram feitas em ambientes apertados, sem ventilação, sujos, com crianças circulando entre as máquinas de costura e a fiação elétrica toda exposta. Principalmente porque as peças custam caro. Por fora, as oficinas parecem residências, mas todas têm em comum as poucas janelas sempre fechadas e com tecidos escuros para impedir a visão do que acontece do lado de dentro das oficinas improvisadas.

As vítimas libertadas pela fiscalização foram aliciadas na Bolívia e no Peru, país de origem de apenas uma das costureiras encontradas. Em busca de melhores condições de vida, deixam os seus países em busca do "sonho brasileiro". Quando chegam aqui, geralmente têm que trabalhar inicialmente por meses, em longas jornadas, apenas para quitar os valores referentes ao custo de transporte para o Brasil. Durante a operação, auditores fiscais apreenderam dois cadernos com anotações de dívidas referentes à "passagem" e a "documentos", além de "vales" que faziam com que o empregado aumentasse ainda mais a sua dívida. Os cadernos mostram alguns dos salários recebidos pelos empregados: de R$ 274 a R$ 460, bem menos que o salário mínimo vigente no país, que é de R$ 545.

As oficinas de costura inspecionadas não respeitavam nenhuma norma referente à Saúde e Segurança do Trabalho. Além da sujeira, os trabalhadores conviviam com o perigo iminente de incêndio, que poderia tomar grandes proporções devido a quantidade de tecidos espalhados pelo chão e à ausência de janelas, além da falta de extintores de incêndio. Após um dia extenuante de trabalho, os costureiros, e seus filhos, ainda eram obrigados a tomar banho frio. Os chuveiros permaneciam desligados por conta da sobrecarga nas instalações elétricas, feitas sem nenhum cuidado, que aumentavam os riscos de incêndio.
As cadeiras nas quais os trabalhadores passavam sentados por mais de 12 horas diárias eram completamente improvisadas. Alguns colocavam espumas para torná-las mais confortáveis. As máquinas de costura não possuíam aterramento e tinham a correia toda exposta (foto acima). O descuido com o equipamento fundamental de qualquer confecção ameaçava especialmente as crianças, que circulavam pelo ambiente e poderiam ser gravemente feridas (dedos das mãos decepados ou até escalpelamento).

Para Giuliana, a superexploração dos empregados, que têm seus direitos laborais e previdenciários negados, tem o aumento das margens de lucro como motivação. "Com isso, há uma redução do preço dos produtos, caracterizando o dumping social, uma vantagem econômica indevida no contexto da competição no mercado, uma concorrência desleal".
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lavrou 48 autos de infração contra a Zara devido as irregularidades nas duas oficinas. Um dos autos se refere à discriminação étnica de indígenas quéchua e aimará. De acordo com a análise feita pelos auditores, restou claro que o tratamento dispensado aos indígenas era bem pior que ao dirigido aos não-indígenas.

"Observa-se com nitidez a atitude empresarial de discriminação. Todos os trabalhadores brasileiros encontrados trabalhando em qualquer um dos pontos da cadeia produtiva estavam devidamente registrados em CTPS [Carteira de Trabalho e Previdência Social], com jornadas de trabalho condizentes com a lei, e garantidos em seus direitos trabalhistas e previdenciários", destaca o relatório da fiscalização. "Por outro lado, os trabalhadores imigrantes indígenas encontram-se em situação de trabalho deplorável e indigno, em absoluta informalidade, jornadas extenuantes e meio ambiente de trabalho degradante".
A equipe de fiscalização foi composta por dois agentes da Polícia Federal (PF), integrantes do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas - da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, auditores da SRTE/SP e dirigente do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco.

Blusas e vestidos
A primeira oficina vistoriada mantinha seis pessoas, incluindo uma adolescente de 14 anos, em condições de trabalho escravo. No momento da fiscalização, os empregados finalizavam blusas da Coleção Primavera-Verão da Zara, na cor azul e laranja (fotos acima). Para cada peça feita, o dono da oficina recebia R$ 7. Os costureiros declararam que recebiam, em média, R$ 2 por peça costurada. No dia seguinte à ação, 27 de junho, a reportagem foi até uma loja da Zara na Zona Oeste de São Paulo (SP), e encontrou uma blusa semelhante, fabricada originalmente na Espanha, sendo vendida por R$ 139.

A oficina funcionava em um cômodo de uma casa pequena - na parte de cima de um sobrado. Seis máquinas de costura ocupavam uma pequena sala. Dois quartos abrigavam todos os trabalhadores, inclusive casais com filhos. O espaço era dividido por guarda-roupas e panos. No banheiro, não havia água banho quente, pois o chuveiro estava desligado para reduzir o consumo de energia elétrica, que era totalmente destinada à produção.

A adolescente de 14 anos tomava conta das duas crianças enquanto as mães trabalhavam. Ela ajudava também na limpeza da casa e no preparo das refeições. No Brasil desde 2010, não está estudando. Seu irmão juntou dinheiro e foi buscá-la na capital boliviana de La Paz.

A fiscalização lacrou a produção e apreendeu parte das peças, incluindo a peça piloto da marca Zara. As máquinas de costura também foram interditadas por não oferecerem segurança aos trabalhadores.

Da outra oficina localizada em movimentada avenida do Centro, foram resgatadas nove pessoas que produziam uma blusa feminina e vestidos para a mesma coleção Primavera-Verão da Zara.

A intermediária AHA (que também utilizava a razão social SIG Indústria e Comérico de Roupas Ltda.) pagava cerca de R$ 7 por cada peça para a dona da oficina, que repassava R$ 2 aos trabalhadores. Peça semelhante a que estava sendo confeccionada foi encontrada em loja da marca com o preço de venda de R$ 139.

Uma jovem de 20 anos, vinda do Peru, disse à reportagem que chegou a costurar 50 vestidos em um único dia. Em condições normais, estimou com Maria Susicléia Assis, do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, seria preciso um tempo muito maior para que a mesma quantidade da difícil peça de vestuário fosse toda costurada.

Há 19 anos no Brasil, a boliviana que era dona da oficina teve todos os seus oito filhos (entre 5 meses e 15 anos) nasceram aqui. Ela sonha em dar um futuro melhor aos rebentos, para que não tenham que trabalhar "nas máquinas, com costura". "Todo mundo na minha terra que vinha para o Brasil dizia que aqui era bom. E eu vim", contou a senhora.

Parte da produção foi apreendida, assim como as peças pilotos, que carregavam instruções da Zara de como confeccionar a peça de acordo com o padrão definido pela varejista multinacional. "Isso demonstra a subordinação das oficinas e da AHA em relação à Zara", realça Giuliana. A oficina e um dos quartos, onde dormiam dois trabalhadores e duas crianças, foram interditados. A fiação elétrica estava totalmente exposta e havia possibilidade de curto-circuito.

Os trabalhadores declararam trabalhar das 7h30 às 20h, com uma hora de almoço, de segunda à sexta-feira. Aos sábados, o trabalho seguia até às 13h. Um trabalhador chegou a relatar que há dias em que o trabalho se estende até às 22h.

O local funciona em um sobrado de dois andares (foto ao lado), com muitos cômodos. O maior deles, onde os trabalhadores passavam a maior parte do dia, acomodava as máquinas. Os cinco banheiros estavam muito sujos. Somente três possuíam chuveiros, mas todos também estavam desligados.

Um dos trabalhadores, irmão da dona da oficina, está no Brasil há sete anos e já possui os documentos e até CTPS. "Eu trabalho na costura desde que cheguei. Mas eu queria mesmo era trabalhar com música. Eu consegui comprar algum equipamento já".

Outro jovem, de 21 anos, disse que não gosta muito do trabalho porque é "cansativo". Ele recebe, em média, R$ 500 por mês. "Eu vou voltar para a Bolívia. Queria estudar Turismo e trabalhar com isso. A costura é só para sobreviver", projetou.

A Zara foi avisada do flagrante no momento da ação pelos auditores fiscais e convidada a ir até a oficina de costura, mas não compareceu.

No dia seguinte, compareceram à sede da SRTE/SP dois diretores, que não quiseram participar da reunião de exposição dos fatos,. Até o advogado da empresa foi embora sem ver as fotos da situação encontrada. Somente duas advogadas da AHA (que no início da reunião se apresentaram como enviadas dos donos das oficinas e até dos trabalhadores) participaram da reunião com os auditores. A empresa não providenciou sequer alimentação às vítimas, que ficou a cargo do sindicato da categoria.

Fluxograma
A intermediária na contratação das duas oficinas em que houve libertações é a AHA Indústria e Comércio de Roupas Ltda. No período de abril a junho deste ano, a produção de peças para a Zara chegou a 91% do total. A SRTE/SP descobriu que há 33 oficinas sem constituição formal, com empregados sem registros e sem recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) contratadas pela AHA para a executar a atividade de costura.

Por meio de análises de documentos da empresa AHA, incluindo contábeis, a fiscalização verificou que, neste mesmo período, mais de 46 mil peças foram produzidas para a Zara sem nenhuma formalização.

Durante o período auditado pela fiscalização (julho de 2010 a maio deste ano), a AHA foi a fabricante da Zara que mais cresceu em faturamento e número de peças de roupas faturadas para a marca, a ponto, na descrição da SRTE/SP, de se tornar a maior fornecedora da Zara na área de tecidos planos. Entretanto, chamou a atenção dos agentes que, nesse mesmo período, a empresa diminuiu o número de empregados formalizados. Os contratados diretamente da AHA passaram de 100 funcionários para apenas 20 (gráfico abaixo). A redução do de trabalhadores na função de costureiros foi ainda mais drástica: dos anteriores 30 para cinco funcionários exercendo a função.

"O nível de dependência econômica deste fornecedor para com a Zara ficou claro para a fiscalização. A empresa funciona, na prática, como extensão de logística de sua cliente preponderante, Zara Brasil Ltda.", sustentam os auditores fiscais do trabalho que estiveram à frente da investigação.

Foi apurado que até a escolha dos tecidos era feita pelo Departamento de Produtos da Zara. Mas o fabricante terceirizado encaminhava peças piloto por conta própria para a matriz da Zara (Inditex) na Espanha, após a aprovação de um piloto pela gerente da Zara Brasil. Somente após a anuência final da Europa, o pedido oficial era emitido para o recebimento das etiquetas. Na opinião de Luís Alexandre Faria, auditor fiscal que comandou as investigações, a empresa faz de tudo, porém, para não "aparecer" no processo.


Para a fiscalização trabalhista, não pairam dúvidas acerca do gerenciamento da produção por parte da Zara. Entre os atos típicos de poder diretivo, os agentes ressaltaram "ordens verbais, fiscalização, controle, e-mails solicitando correção e adequação das peças, controle de qualidade, reuniões de desenvolvimento, cobrança de prazos de entrega etc."

Os 48 autos de infração foram lavrados em nome da Zara. "A empresa tem responsabilidade por quem trabalha para ela. Esses trabalhadores estavam produzindo peças da Zara, e seguindo determinações da empresa", coloca Giuliana. É a chamada responsabilização estrutural, completa Luís. "Essa é a atividade fim da empresa, a razão de sua existência. Portanto, é dever dela saber como suas peças estão sendo produzidas".

A confecção de uma calça gerava ao dono da oficina terceirizada R$ 6, em média. Este valor era dividido em três partes: R$ 2 para os trabalhadores; R$ 2 para as despesas com alimentação, moradia e outros custos; e R$ 2 para o dono da oficina. Após a produção na oficina, a intermediária (AHA) recolhia a produção e encaminhava as peças à lavanderia, também terceirizada. Depois, o produto ainda era acabado e embalado para ser entregue à Zara.

Após os flagrantes, os trabalhadores compareceram à SRTE/SP, onde foram colhidos depoimentos e emitidas as carteiras e as guias de Seguro Desemprego para Trabalhador Resgatado. Parte das vítimas já havia dado entrada na documentação obter o visto de permanência no Brasil.

As verbas rescisórias, que acabaram sendo pagas pela intermediária AHA, totalizaram mais de R$ 140 mil. As contribuições previdenciárias sonegadas e pagas a posteriori somaram cerca de R$ 7,2 mil. Já as contribuições sociais e ao FGTS sonegadas chegaram à R$ 16,3 mil.

A Repórter Brasil entrou em contato com a AHA, que preferiu não responder especificamente ao conjunto de perguntas enviadas. A advogada da fornecedora da Zara enviou apenas uma nota escrita em que declarou que a empresa "jamais teve conhecimento da utilização, pelas oficinas contratadas, de mão de obra escrava; jamais teve qualquer participação na contratação dos funcionários de referidas oficinas; e, assim que tomou conhecimento de irregularidades constatadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, imediatamente adotou todas as providências necessárias à regularização".

A intermediária alega ainda em seu comunicado que "prestou serviços não só à Zara, como a outras empresas" e "que repudia toda e qualquer utilização, por quem quer que seja", de trabalho análogo à escravidão.

Calças
O primeiro flagrante de oficina em condições degradantes com pessoas costurando peças para a Zara se deu em Americana (SP), interior de São Paulo, no final de maio. Motivada pela denúncia de um trabalhador, a ação foi realizada pela Gerência Regional do Trabalho e Emprego (GRTE) de Campinas (SP), pela Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região (PRT-15) e pela Polícia Federal (PF). A Vigilância Sanitária de Americana foi chamada a atuar e interditou os alojamentos. Os empregados não foram retirados por causa da inexistência de abrigos para este fim no município.

Foram encontrados 52 trabalhadores, sendo cinco deles brasileiros. O restante do grupo era formado por bolivianos. Na oficina de Narciso Atahuichy Choque, os empregados eram submetidos à jornada exaustiva e expostos a riscos. Além disso, muitos trabalhadores foram aliciados na Bolívia e chegaram ao Brasil devendo o valor da passagem.

O alojamento e o local de trabalho estavam em condições degradantes e insalubres. Havia risco de incêndio devido à sobrecarga nas precárias instalações elétricas. Poderia haver explosão, por causa dos botijões de gás de cozinha encontrados irregularmente nos quartos.

A oficina funcionava em um imenso galpão de dois andares. No andar superior, ficavam os alojamentos e a cozinha. No inferior, as máquinas. A fiação elétrica estava exposta e o local era muito sujo. Havia um bebedouro, porém somente um copo plástico para todos dividirem. Os pequenos quartos abrigavam famílias inteiras e grupos de até cinco trabalhadores. Alguns cômodos tinham alimentos espalhados, armazenados de forma inadequada.

Um grupo de trabalhadores costurava uma calça jeans da Coleção Primavera-Verão da Zara. Cada trabalhador fazia uma parte da peça e o valor de, em média, R$ 1,80, era dividido pelo grupo todo, composto por sete pessoas. O dono da oficina afirmou que trabalha há cinco anos com a intermediária Rhodes e que aproximadamente 70% da sua produção é destinada à empresa. A oficina é especializada em calças e bermudas. Uma funcionária da Rhodes costuma visitar e verificar as condições e o ritmo de produção da oficina.

Após a fiscalização, a Rhodes pagou as verbas rescisórias de cada trabalhador. A fiscalização foi à nova oficina de Narciso, em 26 de junho, e constatou melhorias. Entre elas, o registro de todos os funcionários, regularização migratória, submissão de costureiros a exames médicos.

De acordo com auditores fiscais da GRTE de Campinas (SP), houve adequação da instalação elétrica e melhora do espaçamento entre as máquinas. Os trabalhadores agora utilizam cadeiras com melhores condições ergonômicas e de conforto. A iluminação também foi melhorada e os equipamentos de incêndio estão todos válidos e sinalizados. As saídas de emergência foram demarcadas. "Com a mudança da oficina e a suspensão da interdição, grande parte dos trabalhadores voltaram a trabalhar de forma regular nas novas instalações da mesma oficina", discorre a auditora Márcia Marques. Foram lavrados 30 autos de infração contra a intermediária Rhodes pelas irregularidades encontradas. Nove autos se referem às questões trabalhistas e as demais infrações estão relacionadas à saúde e segurança do trabalho. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a Rhodes pelos telefones da empresa.

Made in Brazil
Em resposta a questões sobre os ocorridos enviadas pela Repórter Brasil, a Inditex - que é dona da Zara e de outras marcas de roupa com milhares de lojas espalhadas mundo afora - classificou o caso envolvendo a AHA e as oficinas subcontratadas como "terceirização não autorizada" que "violou seriamente" o Código de Conduta para Fabricantes.

Seungod a Inditex, o Código de Conduta determina que qualquer subcontratação deve ser autorizada por escrito pela Inditex. A assinatura do Código do Conduta é obrigatória para todos os fornecedores da companhia e foi assumido pelo fornecedor em questão (AHA/SIG).

A empresa disse ter agido para que o fornecedor responsável pela "terceirização não autorizada" pudesse "solucionar" a situação imediatamente, assumindo as compensações econômicas dos trabalhadores e comprometendo-se a corrigir as condições de trabalho da oficina flagrada com escravidão.

Haverá, segundo a Inditex, um reforço an revisão do sistema de produção da AHA, assim como das outras empresas no Brasil, para garantir que não exista outro caso como este. "Estamos trabalhando junto com o MTE para a erradicação total destas práticas que violam não só nosso rígido Código de Conduta, como também a legislação trabalhista brasileira e internacional".

Em 2010, a Inditex produziu mais de 7 milhões de unidades de peças no Brasil, desenvolvidas, segundo a empresa, por cerca de 50 fornecedores que somam "mais de 7 mil trabalhadores". O total de peças que estava sendo produzido irregularmente (algumas centenas de peças), adicionou a Inditex, representa "uma porcentagem inferior a 0,03%" da produção do grupo, que é um dos maiores do mundo no segmento, no país.

A maior parte dos produtos do grupo que comanda a Zara é feita na Europa. Metade é confeccionada em países como Espanha (onde a empresa mantém fábricas próprias) ou Portugal. Outros 14% são fabricados em outras nações europeias como Turquia e Itália. A produção no Brasil corresponde a algo inferior a 1% do total. Em 2010, 30 lojas da Zara já estavam em funcionamento no país. São cerca de 2 mil profissionais contratados diretamente.

"No que se refere à presença comercial, o Brasil é o terceiro mercado mais importante da Inditex no continente americano, ficando atrás somente dos Estados Unidos e do México", colocou a empresa, que manifestou intenção de não abandonar a produção no país. "A Inditex prevê seguir crescendo no Brasil com a abertura de novas lojas a curto, médio e longo prazo".

*A jornalista da Repórter Brasil acompanhou a fiscalização da SRTE/SP como parte dos compromissos assumidos no Pacto Contra a Precarização e pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo - Cadeia Produtiva das Confecções