quinta-feira, 31 de março de 2016

Projeto de extensão oferece atendimento psicológico a imigrantes e refugiados em Florianópolis

Formalizada no primeiro semestre de 2012, na Universidade Federal de Santa Catarina, a Clínica Intercultural oferece um espaço de escuta sensível ao encontro entre culturas. Constituídapor professores, psicólogos e alunos da Graduação e da Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Clínica Intercultural é um serviço de atendimento psicológico especializado em problemáticas complexas de saúde mental apresentadas por refugiados e imigrantes.
Atividades: Intervenção clínica com populações de refugiados e imigrantes que tenham sido expostos à situações extremas: guerras, genocídios, tortura; que apresentem sintomas severos de estresse psicológico ou de estado de estresse pós-traumático; que expressem esse estresse através de sintomas decodificados culturalmente; que são de origem estrangeira e apresentem problemas de saúde mental ligados à aculturação e à adaptação na sociedade de acolhimento.
Modelo clínico utilizado pela Clinica Intercultural baseia-se no dispositivo intercultural desenvolvido por Jean-Bernard Pocreau e Lucienne Martins Borges no Service d`Aide Psychologique Specialisée aux Immigrants et Réfugiés (SAPSIR®), projeto criado em 2000, na Université Laval, e que, desde de 2014, integra também o Centro de Saúde e de Assistência Social de Québec (Canadá). O modelo clínico baseia-se na coterapia intercultural e as intervenções são realizadas por um grupo de terapeutas de origens culturais preferencialmente diferentes, sob a coordenação de um terapeuta principal. Dentro do possível, os atendimentos são feitos na língua materna do paciente, o que implica na participação de um intérprete/mediador cultural se necessário. A presença do profissional que encaminhou o paciente é necessária no primeiro atendimento.
Os Atendimentos são realizados no Serviço de Atenção Psicológica da Universidade Federal de Santa Catarina (SAPSI) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Para agendar um atendimento, entre em contato:
Telefone: (48) 3721-8571
miguelimigrante.blogspot.com

Comunidade cigana brasileira sofre com preconceitos e restrição de direitos

Especialista independente da ONU para minorias detalhou situação de violação aos direitos humanos das comunidades ciganas tanto do Brasil como de outros países das Américas.
Comunidades ciganas sofrem com discriminação e falta de acesso a serviços como educação e saúde nas Américas. Foto: EBC.
Comunidades ciganas sofrem com discriminação e falta de acesso a serviços como educação e saúde nas Américas. Foto: EBC.
A comunidade cigana soma cerca de 500 mil pessoas no Brasil, segundo estimativas. Apesar de numerosa, ela é “invisível” para as autoridades brasileiras, sofrendo com o baixo acesso a educação, saúde e participação política e sendo alvo frequente criminalização devido à propagação de estereótipos e preconceitos, inclusive por parte da mídia.
A conclusão é de documento divulgado este mês pela relatora especial das Nações Unidas para minorias, Rita Izsák, com base em um evento realizado no ano passado em Brasília sobre a situação dos ciganos nas Américas, que contou com a participação de representantes de comunidades ciganas de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Equador e Peru.
O relatório usou o termo “cigano” para se referir a grupos heterogêneos, que vivem em diferentes países e sob diversas condições sociais, econômicas e culturais, mas unidos por raízes históricas e linguísticas comuns.
De acordo com o documento, as comunidades ciganas das Américas estão entre as mais discriminadas e marginalizadas social e economicamente, sendo politicamente subordinadas aos membros das sociedades em que vivem.
“Poucas políticas oficiais ou programas existem dedicados a promover e proteger os direitos dos ciganos na região”, disse o texto. “Mais do que isso, a identidade dos ciganos como um grupo distinto é frequentemente desconhecida ou mal interpretada.”

Ciganos no Brasil

As comunidades ciganas brasileiras alertaram à especialista da ONU sobre a falta de dados oficiais do governo federal em relação ao tamanho de suas populações no país, assim como sobre sua situação socioeconômica.
A estimativa é que existam cerca de 500 mil ciganos no Brasil, em 337 municípios de 21 Estados. Para obter dados mais precisos, o governo federal comprometeu-se a incluir essa comunidade como uma categoria demográfica separada no próximo censo de 2020.
Representantes de comunidades ciganas brasileiras disseram à especialista da ONU que esse prazo é, contudo, muito longo, sendo necessário criar mais rapidamente políticas públicas para combater a disseminação de estereótipos negativos sobre essas populações.
“Esses estereótipos são frequentemente perpetuados pela mídia, por meio da reprodução de imagens e representações de ciganos ‘sujos, trapaceiros e imorais’”, disse a relatora no documento. “Esses estereótipos também contribuem para a criminalização das comunidades ciganas, incluindo discriminação para acesso a espaços públicos.”
Os representantes das comunidades também citaram o difícil acesso às escolas, afirmando que muitas delas vetam a matrícula de alunos ciganos. Mencionaram ainda a presença de conteúdo preconceituoso em livros escolares, que ainda incluem descrições pejorativas dessas comunidades.
Outra questão abordada foi a dificuldade para ciganos obterem documentos de identidade válidos, o que acaba minando seu acesso a serviços de saúde e programas de vacinação.
“No Brasil, as famílias de ciganos estão frequentemente em situação de extrema pobreza, sem acesso a eletricidade, água potável e saneamento básico adequado”, disse a especialista da ONU no documento.

Situação nas Américas

O cenário para as comunidades ciganas em outros países das Américas não é muito diferente do encontrado no Brasil, mostrou o relatório.
Segundo o documento, as comunidades ciganas da Argentina relataram sofrer com atitudes discriminatórias generalizadas no país, além de abuso policial e violência nas situações de despejo dos acampamentos em que vivem.
Na Argentina, a população cigana soma cerca de 300 mil pessoas, sendo a segunda maior entre os países analisados depois do Brasil. No país vizinho, estima-se que apenas 5% dos ciganos mantenha estilo de vida nômade, já que a cultura das migrações nessa comunidade acabou nos anos 1950, após proibição do presidente Juan Perón.
No Chile, a comunidade soma 50 mil pessoas, também de acordo com estimativas, já que não há dados oficiais para confirmar esse número. Os ciganos normalmente vivem em pequenos acampamentos de 20 a 100 pessoas naquele país.
No Peru, existem aproximadamente 5 mil ciganos, sendo muitos deles descendentes de europeus que migraram nos anos 1930 para fugir do nazismo na Europa. A população cigana no país está em expansão, uma vez que ciganos mexicanos tem se mudado para o Peru.

Recomendações

Para enfrentar o difícil cenário para essas populações nas Américas, a relatora das Nações Unidas recomendou que os países da região reconheçam os ciganos como uma minoria distinta, para que possam assim exercer plenamente seus direitos humanos.
“A coleta de dados sobre as populações ciganas na região é de suma importância para ajudar na criação de políticas públicas e para saber o número de ciganos vivendo nos países e sua situação socioeconômica”, disse.
A relatora recomendou que os Estados garantam que a história dessas populações seja ensinada nas escolas, e que qualquer referência discriminatória e estereotipada nos materiais escolares seja removida.
“A criação de leis anti-discriminação e medidas afirmativas são necessárias para endereçar a falta de acesso à educação, saúde, habitação, emprego, redução da pobreza, acesso à Justiça e assim por diante”, concluiu.
O relatório recomendou também um treinamento especial às forças policiais dos países das Américas para garantir os direitos das minorias ciganas, e que os Estados investiguem de forma apropriada quaisquer crimes contra indivíduos e comunidades, incluindo iniciativas de discriminação.
Onu
miguelimigrante.blogspot.com

quarta-feira, 30 de março de 2016

Workshop sobre empreendedorismo dá esperança a refugiados e migrantes em SP

Refugiados e migrantes participam de evento em São Paulo para aprender técnicas de empreendedorismo.  Foto:  ACNUR.
Refugiados e migrantes participam de evento em São Paulo para aprender técnicas de empreendedorismo. Foto: ACNUR.
O semblante do paquistanês Shaka Imtiaz, 27, é triste ao contar que está desempregado no Brasil, país no qual se refugiou há quatro meses. Detentor de um mestrado e com experiência como professor no seu país, ele sobrevive atualmente com a ajuda financeira de familiares que vivem no Paquistão e no Reino Unido.
Ao seu lado está Mahmoud Alslman, 28, que veio da Jordânia. Formado em arquitetura e com sete anos de experiência na área, ele também está desempregado no país que o acolheu e lhe deu proteção. Mahmoud vive com as economias de seu antigo trabalho.
Shaka deixou seu país natal após sofrer ameaças de morte na cidade onde vivia, Sialkot. Mahmoud, por sua vez, partiu por sofrer discriminação em seu país após se converter do islamismo ao cristianismo. “Eu tinha casa, carro, mas nunca teria uma vida normal”, explicou.
Ambos querem se manter no Brasil por conta própria, empreendendo um novo negócio que concilie seus conhecimentos e experiências profissionais adquiridos em seus países de origem.
Para trocar ideias e explorar oportunidades de geração de renda em São Paulo, Shaka e Mahmoud participaram de um workshop de empreendedorismo oferecido neste mês pela organização não-governamental BibliASPA.
No total, um grupo de dez refugiados e migrantes participaram do workshop, compartilhando o mesmo desejo empreendedor e a vontade de pôr em prática suas habilidades e conhecimentos.
Apesar das incertezas e das dificuldades expressadas por cada um dos participantes ao longo da oficina, observou-se também, a cada possibilidade discutida entre os presentes, um lampejo de esperança por uma vida melhor no novo país.
“Neste workshop de empreendedorismo, a gente teve a oportunidade de ouvir algumas pequenas dicas. Mas essas pequenas informações podem abrir as portas para grandes possibilidades”, afirmou Mahmoud.
O workshop contou com uma aula de conceitos da administração e exemplos práticos de negócios, apresentada pela consultora em finanças Cínthia Haddad. O argentino Jonathan Berezovsky apresentou a plataforma Migraflix, que oferece aos imigrantes a possibilidade de dar cursos relacionados à sua cultura, como de culinária e música.
Outra palestra foi feita por Talal Al-Tinawi, refugiado sírio que mora no Brasil há dois anos. Ele contou como arrecadou recursos por meio de financiamento coletivo (ou “crowdfunding”) para abrir um serviço de entrega de comida árabe em São Paulo – que evoluiu para um recém-inaugurado restaurante de gastronomia síria.
Quando questionados sobre a maior barreira para começar a trabalhar no Brasil, o grupo participante do workshop foi unânime na resposta: o idioma. Dentre os presentes, nenhum era fluente em português e pelo perfil empreendedor, a grande maioria deles já estava inscrito em algum curso de português em São Paulo, ofertado na própria BibliASPA ou em outras organizações parceiras da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Embora estejam ativos na busca de novas informações, o aprendizado da nova língua demanda além de dedicação, tempo para que se façam compreendidos, facilitando assim as relações e o networking profissional.
Os refugiados mais qualificados, com ensino superior, demonstram certa frustração por terem sido forçados a abandonar as promissoras carreiras que estavam construindo em seus respectivos países de origem.
Shaka, por exemplo, deixou de dar aulas de História no Paquistão. Mahmoud não consegue seguir atuando como arquiteto. Para eles, a saída para contornar as dificuldades com a validação de diplomas estrangeiros é montar seu próprio negócio. Tanto Shaka quanto Mahmoud pensam em trabalhar com importação e comércio exterior de produtos árabes para o Brasil.
Evento de empreendedorismo serviu para que refugiados e imigrantes pudessem identificar talentos e verificar as possibilidades de investimentos. Foto: ACNUR.
Evento serviu para que refugiados e imigrantes pudessem identificar talentos e verificar as possibilidades de investimentos. Foto: ACNUR.
Apesar dos problemas, os imigrantes elogiam a política para o refúgio no Brasil. Shaka afirma que conseguiu regularizar sua situação e obter um número de CPF, item básico para conseguir abrir uma conta bancária e receber dinheiro do exterior, em apenas um dia.
Já a nigeriana Hope Agbodike, 40, quer aprender as técnicas de penteado brasileiras para fazer disso sua fonte de renda. Ela, que deixou a Nigéria há um ano por precisar de tratamento médico e é refugiada no Brasil, diz que receberá, no final de março, sua carteira de trabalho.
“Quando você chega no país e não sabe a língua, acha que vai ser impossível aprender”, disse Hope ao término do evento. “Mas depois do que ouvi aqui hoje, vi que é possível aprender e empreender”, completou, num tom à semelhança do nome que carrega.
O primeiro workshop de empreendedorismo promovido pela BibliASPA foi útil para que os refugiados e imigrantes pudessem identificar talentos e verificar as possibilidades de investimentos que lhes dê uma alternativa de geração de renda.
O próximo passo é oferecer um acompanhamento personalizado para desenvolver os projetos definidos, como as empresas de comércio exterior de Shaka e Mahmoud ou o salão de beleza de Hope.
Por Gabriela Terenzi (jornalista voluntária da BibliASPA), em São Paulo.
Onu

Acordo trava refugiados

Todos os refugiados e migrantes que chegarem à Europa a partir deste domingo serão reenviados à procedência via Mar Egeu. A União Europeia e a Turquia chegaram a acordo e o Expresso explica-lhe o que está em causa
Qais são os termos do acordo e que problemas levanta?

O principal ponto acordado é a Turquia receber de volta cada refugiado sírio que tenha entrado ilegalmente na União Europeia, desde que a UE receba outro vindo da Turquia. Ancara pedia mais ajuda financeira (€6 mil milhões) para lidar com os refugiados que já tem dentro de fronteiras, um regime de vistos gratuitos para cidadãos turcos e a abertura de cinco novos capítulos das negociações de adesão à União. A polémica rebentou não só entre os Estados-membros como no seio de cada um dos 28 devido a questões de respeito dos direitos humanos e pela convenção de direito de asilo. Portugal está de acordo desde que estes sejam plenamente respeitados.

2. Quando começa a devolução dos refugiados? Quem ganha mais?

Quando ainda se aguardava a assinatura do acordo na tarde de sexta-feira anunciava-se que todos os requerentes de asilo que chegassem à Europa a partir da meia-noite de domingo seriam devolvidos à Turquia. O acordo de linhas de conduta comuns entre os 28 foi alcançado na quinta-feira à noite bem como a salvaguarda da lei internacional. Organizações de direitos humanos e media turcos, que têm estado sob mira da censura e repressão de Ancara, denunciam a violação do direito internacional de asilo e a prepotência das autoridades turcas mas para já Ancara recupera alguma da relevância política perdida com a guerra Síria.

3. Qual o país europeu mais afetado pela crise migratória? 
Agravando a política de austeridade que lhe tolheu o espaço de manobra, a Grécia tem sido a porta de entrada dos migrantes e refugiados que chegam de barco a partir da Turquia, vindos do leste e do Médio Oriente. Há milhares de pessoas à espera de serem recolocadas noutros Estados-membros enquanto Atenas é sujeita à pressão dos 28 que querem fechar fronteiras a todo o custo, chegando a ameaçar suspendê-la do Espaço Schengen. As autoridades improvisam centros para refugiados em campos militares, hotéis falidos... O porto de Pireu tem dois mil sírios permanentemente acampados, estima-se que pelo menos por dois anos.

4. Qual o destino dos refugiados presos em Idomeni?

Cerca de 14 mil pessoas estão presas entre a Macedónia e a Grécia desde que aquela arbitrariamente fechou a fronteira há uma semana. Com essa medida, que imitou outros Estados dos Balcãs e da Europa Oriental, encerrou a Rota dos Balcãs, um percurso que tinha até ali funcionado como corredor humanitário. Idomeni não deveria ter acontecido e tornou-se a maior favela da Europa: “A situação é trágica, um insulto para os nossos valores e civilização”, como disse o comissário europeu para as Migrações, Dimitris Avramapoulos, de visita ao “campo”. Principalmente sírios e iraquianos, mas também afegãos, iranianos, marroquinos, argelinos e tunisinos foram apanhados neste beco sem saída a caminho da Europa. O seu destino é ainda incerto.

Expresso

terça-feira, 29 de março de 2016

‘Todos ganhamos’: A história de dois refugiados empreendedores no Chile

Husam e Andrés são dois refugiados com uma realidade comum: ambos tiveram que abandonar seus países de origem porque suas vidas corriam perigo. Hoje vivem em Santiago, no Chile, onde puderam refazer suas vidas e empreender um negócio próprio.


Husam é de origem palestina e com um grande sorriso no rosto conta como sua vida mudou desde que teve que deixar seu país, em 2003. Por outro lado, Andrés, outro refugiado, mas de origem colombiana, entristece-se quando relata o quão difícil foi sair de seu país e chegar sozinho a um lugar desconhecido.
Seus países de origem estão respectivamente no Oriente Médio e na América Latina, com idiomas e costumes muito diferentes.

Entretanto, Husam e Andrés apresentam uma realidade comum: ambos tiveram que abandonar seus países porque suas vidas corriam perigo. Hoje vivem em Santiago, no Chile, na América do Sul, onde puderam refazer suas vidas e empreender um negócio próprio.
Husam, sua esposa Hadil e seus dois filhos, todos eles de origem palestina, viviam como refugiados no Iraque e tiveram que partir novamente porque a guerra da Síria chegava até a fronteira de onde estavam, no acampamento de Al-Tanf, localizado no meio do deserto e onde viviam há dois anos, junto com outros 1,3 mil refugiados palestinos entre 2003 e 2010.

Segundo o relatório “World at War” do ACNUR, que descreve as tendências globais do deslocamento forçado em 2014, existem 97.235 refugiados palestinos sob o mandato da Agência da ONU para Refugiados.
Andrés foi forçado a deixar sua cidade porque grupos armados não oficiais mataram seu irmão em 2007. Ele e sua família estavam sendo ameaçados e perseguidos na Colômbia e não puderam ficar mais no país, que vive um conflito interno armado há mais de 50 anos.
De acordo com o relatório do ACNUR mencionado acima, há no mundo 103.150 refugiados colombianos e 6.004.151 deslocados internos, configurando a maior crise humanitária da América Latina.

“O que aconteceu com o meu irmão foi a raiz da insegurança que nós vivíamos. A questão da segurança em meu país é grave. É precário. Lá as pessoas tem que sair e deixar tudo para traz. Isso foi o que aconteceu com a gente”, descreveu Andrés.
“Você tem que dar uma parte do seu salário, chamam isso de ‘vacina’. Meu irmão trabalhava como motorista de ônibus e como em uma ocasião não quis pagar, essa decisão lhe custou a vida”.


Acnur

Presença de migrantes é cada vez maior nas lavouras gaúchas

O fluxo migratório de estrangeiros para o Brasil, principalmente de haitianos, aos poucos chega ao campo. Embora tenha o menor contingente de imigrantes, se comparada aos demais setores, a agropecuária vem aumentando ano a ano o emprego com vínculo formal de trabalhadores de outros países.

Estudioso do assunto, o professor João Carlos Tedesco, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo, diz que muitos migrantes já fizeram a transição do campo para a cidade em seus próprios países e chegam com a expectativa de encontrar trabalho em centros urbanos. Mas, diante das oportunidades que surgem, vão para lavouras e pomares carregando alguma experiência, mesmo que pequena, de trabalhos que já fizeram no passado. Neste contingente estão sobretudo aqueles que têm mais de 30 anos.
No caso dos haitianos, o fluxo iniciou-se após o terremoto de 2010. Depois de vencerem a barreira do idioma e do clima, muitos estão adaptados ao trabalho no Rio Grande do Sul, em especial nos pomares de maçã e nas plantações de cenoura. Em sua maioria, o contingente é formado por trabalhadores jovens, de até 39 anos, com escolaridade média. A busca deles por uma oportunidade em um novo país vem ao encontro da crescente demanda por mão de obra no campo.
Esta nova força de trabalho tem entre suas características mais destacadas a disciplina, a responsabilidade e a pontualidade. O perfil tem chamado atenção de dirigentes de entidades rurais e despertado o interesse de empresas do setor agropecuário. “Se eles assumem uma atividade dentro da empresa, realmente cumprem”, afirma Sérgio Poletto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vacaria e Muitos Capões e vice-presidente da Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais (Fetar). As vagas ofertadas são em atividades sazonais ou que exigem alguma habilidade e maior resistência física.
Oriundos de condições de vida precárias, os haitianos chegam dispostos a enfrentar as dificuldades. E foi este vigor que fez com que uma empresa de Muitos Capões resolvesse apostar na contratação de dez estrangeiros. “Eles se adaptam rápido ao trabalho”, descreve Nilson Bossardi, sócio da Frutini e responsável pelo recrutamento. A experiência começou há pouco mais de um ano e deu tão certo que hoje já são 30 haitianos trabalhando no raleio da cenoura, atividade que consiste em remover manualmente o excesso de mudas para uniformizar o espaço entre as plantas.
Nos 250 hectares de cenoura cultivados com plantio e colheita mecanizados, os que trabalham no raleio há um ano já aperfeiçoaram a técnica. Com isso, atingem os prêmios de produção e mais que dobram o salário base, de R$ 1.114,00. Os mais experientes chegam a receber R$ 3 mil por mês. Todos enviam mais da metade para os familiares que ficaram no Haiti.
Reniel Sufrene, de 32 anos, está entre os destaques na produção. No Haiti, onde deixou esposa e a família, trabalhava no comércio e já tinha alguma experiência em plantação de cenouras. Há um ano e três meses na Frutini, Sufrene diz que gosta muito do Brasil e que aqui está “trabalhando bastante e ganhando bastante dinheiro”. Esaie Telusme, de 27 anos, também faz parte do grupo mais antigo. Há 11 meses no raleio, demonstra satisfação com a oportunidade. Em seu país de origem, onde deixou pais e irmãos, trabalhava com carpintaria e na construção civil.
Na lavoura de Muitos Capões, todas as despesas com aluguel, água, luz e Internet são custeadas pela empresa. O sinal de Wi-Fi é indispensável para que os estrangeiros possam estabelecer comunicação quase que diária com suas famílias. Com esta infraestrutura, o objetivo da Frutini é valorizar a mão de obra para manter equipes fixas e fazer com que permaneçam, qualificando a produção. “O raleio é um trabalho muito técnico, pois define produção. Por isso trabalhamos com grupos pequenos e de alta qualidade”, explica o agrônomo Leonardo Faedo, responsável técnico da área de hortifrutigranjeiros da empresa, que considera os haitianos “ágeis e focados”.
Desde que os haitianos foram incorporados ao quadro de funcionários, destaca o agrônomo, a empresa já verificou evolução na qualidade da cenoura colhida, incremento de produção e no rendimento diário. A produção média da Frutini é de 2,5 mil caixas ou 7,3 mil quilos por hectare.

Deslocamentos buscam mais qualidade de vida

O setor agropecuário representa a menor fatia no ranking dos principais grupos ocupacionais nos quais há estrangeiros trabalhando, tanto no Estado quanto no país. Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Previdência Social, em 2014 o Brasil registrou 1.307 trabalhadores imigrantes com vínculo formal de trabalho no setor – o equivalente a 1,1% do total de 119.312 trabalhadores estrangeiros em todo o país. No Estado, a presença dos imigrantes no campo é um pouco mais expressiva. Do total de 10.781 trabalhadores, 269, ou 2,5%, estavam no setor agropecuário.
“É um ramo de trabalho que se abre para os estrangeiros”, avalia a economista Iracema Castelo Branco, pesquisadora da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Sem nenhuma qualificação específica, os trabalhadores imigrantes chegam com o “sonho brasileiro” de melhorar de vida. O objetivo é conseguir um emprego para, inicialmente, se manter e depois trazer a família. Um dos fatores que poderá motivar o interesse dos estrangeiros pelas oportunidades no campo, avalia Iracema, é a possibilidade de ganhos maiores em relação à cidade.
Os dados do MTPS indicam ainda que o Haiti possui, desde 2013, o maior contingente de trabalhadores estrangeiros formais no Brasil. Em 2014, o relatório mostra que o país tinha 23.993 haitianos – 20% do total de estrangeiros. Destes, naquele mesmo ano, 3.164 estavam no Rio Grande do Sul.



segunda-feira, 28 de março de 2016

Peru ratifica acordo de dispensa de vistos com espaço Schengen

Presidente peruano considera que o acordo permite que "muitos peruanos possam visitar os seus familiares, ter cuidados médicos ou frequentar cursos de curta duração", até um máximo de 90 dias
O governo do Peru ratificou  o acordo assinado com a União Europeia, para a dispensa de visto para visitas de curta duração aos países do espaço Schengen.
A decisão foi  anunciada no diário oficial do país que destacou a importância do acordo para o país, num decreto assinado pelo presidente Ollanta Humala e a sua ministra dos Negócios Estrangeiros, Ana María Sánchez.
O acordo foi atingido a 14 de março, num encontro com a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini.
Na ocasião, Humala salientou que o acordo vinha permitir que "muitos peruanos possam visitar os seus familiares, ter cuidados médicos ou frequentar cursos de curta duração", até um máximo de 90 dias.

DN

ONGs belgas oferecem ajuda a imigrantes que vivem à margem da sociedade

A apenas alguns passos de uma enorme loja que vende os objetos mais desejados e caros do design europeu, um grupo multicultural de homens com idade, cor e trajetória de vida variadas, passa horas serrando, cortando e lixando madeira para produzir cadeiras, mesas e outros móveis fabricados sob encomenda. O que estes homens têm em comum? São imigrantes ou belgas filhos da imigração que estariam à margem da sociedade, à procura de trabalho e de um lugar na Bélgica.

Na ausência do Estado, foram ajudados por uma organização fundada por belgas da sociedade civil que querem integrar os estrangeiros no país: o Ateliê Groot Eiland. Não é a única iniciativa do tipo. Quatro belgas de Bruxelas, todos na casa dos 30 anos, criaram o “Duo for Job” (Duo por um trabalho): convenceram belgas aposentados de mais de 50 anos a fazer, voluntariamente, um trabalho de “coach”, ajudando os filhos da imigração ou imigrantes a encontrar trabalho.
Durante seis meses, os aposentados acompanham os jovens, ajudando a preparar currículos, projetos e a abordar as empresas. Três anos depois da iniciativa, 150 voluntários conseguiram com que a taxa de inserção dos jovens imigrantes no mercado de trabalho belga atingisse 44% — duas vezes maior que o normal.

Fath Gazmouz, sírio de 22 anos que está sendo ajudado por um antigo proprietário de uma empresa local, contou à TV belga:
— Eu estava afundando. Ele me ajudou e me levantou.
De um encontro entre um belga e um refugiado de Ruanda surgiu, em 1994 o Movimento Convivial, uma organização que ajuda refugiados a se integrar. Em Molenbeek, bairro pobre de Bruxelas, o centro social de integração Le Foyer, criado em 1969, é comandado pelo antropólogo Johan Leman.

Quando os atentados de Paris revelaram que terroristas vinham de Molenbeek, Leman escreveu um artigo no jornal inglês “The Guardian” em defesa dos moradores do bairro, dizendo: “Parem de tratar as pessoas como assassinas potenciais, porque elas não são. Vocês vão precisar delas como colchão social contra os recrutadores do jihadismo, traficantes de droga e pregadores do ódio”.

GERAÇÃO SEM RIQUEZA

Do fim da Segunda Guerra até os anos 70, a Bélgica importou mão de obra barata estrangeira para suprir a falta de trabalhadores em alguns setores da indústria. Assim fizeram vários outros países, como a França. Imaginaram que estas pessoas iriam um dia embora. Não foram. Seus filhos, e a geração que veio depois, cresceu longe da riqueza. Num estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicado ano passado, a Bélgica está como o quarto país com o maior número de imigrantes desempregados, depois de Grécia, Espanha e Portugal.

Os atentados de terça-feira em Bruxelas, cometidos por belgas filhos da imigração, que mataram 31 pessoas e feriram cerca de 300, obrigam agora o país a confrontar uma realidade desconfortável: em algum momento neste processo, a integração falhou. E o fato de a Bélgica ser dividida em três regiões — Flandres (a mais rica), Valônia e Bruxelas — só complica as coisas.
Flandres, onde floresce o nacionalismo xenófobo, anunciou pouco antes dos atentados que, a partir de 2017, vai cortar a ajuda de € 150 mil que dá ao Ateliê Groot Eiland. Eis o motivo:
— Disseram que o dinheiro de Flandres é para os flamengos. É uma pena — lamentou o coordenador do Ateliê, Tom Dedeurwaerder.

Belga de Flandres, ele abriu mão da carreira de engenheiro para trabalhar na ajuda social. Sua ONG educa e dá trabalho a imigrantes ou belgas sem instrução, que estão há muito tempo desempregados, e não recebem mais ajuda do Estado. Samir, belga nascido em Molenbeek, está aprendendo a ser carpinteiro. Ele não tem ilusões. Com o nome Samir, sem muita instrução, muçulmano, pobre e ainda com o endereço em Molenbeek, ele não está certo de conseguir ir muito longe na vida em seu país.

— Meu sobrinho foi convidado a assinar um contrato para um emprego em limpeza, mas quando ele contou onde morava, disseram: ‘não será possível’. Agora com os atentados, vai ser ainda mais difícil.
A seu lado, Mohamed, 34 anos, desempregado e de origem marroquina, revelou não ter ilusões:
— Francamente, com tudo isso que está acontecendo agora (atentados), quero só ganhar dinheiro para partir para o Marrocos — disse Mohamed, que nunca morou neste país.

Dedeurwaerder conta que todos que bateram na porta do Ateliê o fizeram espontaneamente:
— Eles querem mostrar que Molenbeek não é só lugar de preguiçosos e bandidos. Há muitos como eles — afirmou o belga, lamentando que não possa acolher todos.

Dedeurwaerder acha que o governo erra ao colocar muito dinheiro em segurança em vez de investir em educação de qualidade em bairros de imigrantes. Karim (nome fictício) — um belga de origem marroquina, que pediu para não ser identificado — contou que sua escola no distrito não tinha sequer aquecimento.

— Somos estrangeiros aqui, e somos estrangeiros no Marrocos. Só em Molenbeek não me sinto estrangeiro — reagiu.
Para o fotógrafo iraquiano Mohammed Ali, de 24 anos, que aprende a ser carpinteiro no Ateliê, os atentados de Bruxelas tiveram um efeito terrível. Ele trabalhava para o jornal “Nahren”, em Bagdá, mas quis tentar uma vida mais tranquila na Europa escapando do Iraque aos 18 anos rumo à Europa. A família gastou US$ 10 mil no longo trajeto até a Bélgica. Mesmo desempregado, ele tem a esperança de que sua vida será melhor.

— Agora, aqui é o meu país. Estou melhor aqui. Quando ouço outros reclamarem dos belgas, pergunto: por que ficam, se não gostam?



Extra

sábado, 26 de março de 2016

Conferência do ACNUR discutirá soluções para crise global de refugiados sírios

Uma menina síria ainda assustada, após ter realizado a arriscada travessia pelo Mediterrâneo rumo a Lesbos, na Grécia. Foto: ACNUR/Giles Duley


O evento, que acontecerá no Palácio das Nações (Sala XX, das 9h às 18h15, horário  local), é uma consequência da Conferência de Londres sobre a Síria, realizada no mês passado e que contou com generosos compromissos de financiamento para programas humanitários e de desenvolvimento na Síria e nos países vizinhos.
A reunião tem o objetivo de aumentar as opções para os refugiados sírios chegarem a outros países por meio de programas de admissão humanitária ou outros procedimentos legais. Tal medida fornecerá mais alternativas urgentemente necessárias aos refugiados, que também aliviarão a pressão sobre os países vizinhos da Síria, que atualmente acolhem cerca de 4,8 milhões de refugiados sírios.
Exemplos de tais alternativas incluem programas de reassentamento em um terceiro país, vistos humanitários, patrocínio privado, reunião familiar, bolsas de estudos ou estágios, esquemas de trabalho e transferência por razões médicas.
O evento também apresentará abordagens inovadoras, novas parcerias e estudos de caso de sucesso, e é uma oportunidade para que os governos em todo o mundo possam fazer parte da busca de soluções aos refugiados sírios.
O Brasil é um dos países que já tomou iniciativas importantes na resposta à crise de refugiados sírios. Desde 2013, uma resolução do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) facilita a emissão de vistos de entrada no Brasil de cidadãos sírios e de outras nacionalidades afetados pelo conflito na Síria.
Desde então, cerca de 8 mil vistos já foram expedidos pelos consulados brasileiros, principalmente no Líbano, Jordânia, Turquia e Egito. Atualmente, mais de 2 mil sírios vivem como refugiados no Brasil, formando o maior grupo entre os 8,4 mil estrangeiros reconhecidos como refugiados pelas autoridades nacionais.
A reunião contará com a presença de representantes de cerca de 80 países, dez organizações internacionais e 24 organizações não governamentais. Entre os oradores estarão o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, além de representantes de governos que acolhem os refugiados.


Na próxima quarta-feira (30), a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) realizará em Genebra uma reunião de alto nível sobre a situação dos refugiados sírios no mundo e a necessidade de encontrar soluções para suas necessidades, incluindo a expansão do reassentamento e outros meios tradicionais.

O evento, que acontecerá no Palácio das Nações (Sala XX, das 9h às 18h15, horário  local), é uma consequência da Conferência de Londres sobre a Síria, realizada no mês passado e que contou com generosos compromissos de financiamento para programas humanitários e de desenvolvimento na Síria e nos países vizinhos.

A reunião tem o objetivo de aumentar as opções para os refugiados sírios chegarem a outros países por meio de programas de admissão humanitária ou outros procedimentos legais. Tal medida fornecerá mais alternativas urgentemente necessárias aos refugiados, que também aliviarão a pressão sobre os países vizinhos da Síria, que atualmente acolhem cerca de 4,8 milhões de refugiados sírios.

Exemplos de tais alternativas incluem programas de reassentamento em um terceiro país, vistos humanitários, patrocínio privado, reunião familiar, bolsas de estudos ou estágios, esquemas de trabalho e transferência por razões médicas.


O evento também apresentará abordagens inovadoras, novas parcerias e estudos de caso de sucesso, e é uma oportunidade para que os governos em todo o mundo possam fazer parte da busca de soluções aos refugiados sírios.
O Brasil é um dos países que já tomou iniciativas importantes na resposta à crise de refugiados sírios. Desde 2013, uma resolução do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) facilita a emissão de vistos de entrada no Brasil de cidadãos sírios e de outras nacionalidades afetados pelo conflito na Síria.

Desde então, cerca de 8 mil vistos já foram expedidos pelos consulados brasileiros, principalmente no Líbano, Jordânia, Turquia e Egito. Atualmente, mais de 2 mil sírios vivem como refugiados no Brasil, formando o maior grupo entre os 8,4 mil estrangeiros reconhecidos como refugiados pelas autoridades nacionais.

A reunião contará com a presença de representantes de cerca de 80 países, dez organizações internacionais e 24 organizações não governamentais. Entre os oradores estarão o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, além de representantes de governos que acolhem os refugiados.

Acnur

Un Vía Crucis dedicado a los migrantes

El papa Francisco rezó ayer por el sufrimiento de los refugiados y los inmigrantes durante el Vía Crucis nocturno en el Coliseo de Roma en el que se conmemora el calvario de Cristo antes de la crucifixión. El tradicional rito alrededor del monumento romano, se celebró en medio de fuertes medidas de seguridad adoptadas tras los recientes ataques de Bruselas. Francisco pidió al cardenal italiano Gualtiero Bassetti, entre los purpurados más amigos, que escribiera las meditaciones que tradicionalmente se leen en cada una de las 14 estaciones del calvario padecido por Cristo. El texto abordó la situación de los refugiados por las guerras, de los desplazados y perseguidos y comparó sus sufrimientos con los padecidos por Jesús en su pasión. “¿Cómo no ver el rostro del Señor en aquellos de los prófugos, refugiados, desplazados, que huyen desesperados del horror de la guerra, las persecuciones, las dictaduras?”, se preguntó. “¡Cuánto miedo hay en nuestra vida! Tenemos miedo del diferente, del extranjero, del emigrante. Nos causa temor el futuro, los imprevistos, la miseria. Cuánto miedo hay en nuestras familias, en los lugares de trabajo, y en nuestras ciudades”.
En cada estación del Vía Crucis se abordó un tema específico que preocupa al mundo, mientras la cruz fue cargada por fieles de numerosas nacionalidades, entre ellos latinoamericanos de Paraguay, Ecuador, Bolivia y México. “Hay sufrimientos que parecen negar el amor de Dios. ¿Dónde está Dios en los campos de exterminio? ¿Dónde está Dios en las minas y en las fábricas donde trabajan los niños como esclavos? ¿Dónde está Dios en las pateras que se hunden en el Mediterráneo?”. En la víspera, Jueves Santo, Francisco se acercó a un centro de refugiados cerca de Roma, donde lavó los pies a doce refugiados y migrantes, entre ellos varias mujeres y musulmanes, en una ceremonia que rememora la última cena de Jesús con los doce apóstoles.

 Pagina 12

sexta-feira, 25 de março de 2016

Cinco cifras que muestran los beneficios económicos de la migración

Los 6.000 millones que la Unión Europea va a desembolsar en dirección a Turquía para expulsar a ese país a todos los migrantes que lleguen de forma irregular a las islas griegas del Mar Egeo, tras el acuerdo suscrito el pasado día 18 con el Gobierno turco, han levantado un acalorado debate. No solo por la solución adoptada para la crisis migratoria de los refugiados, ampliamente criticada por la sociedad, sino por el elevado coste monetario a pagar a un país cuestionado en múltiples ocasiones por los reiterados incumplimientos de los Derechos Humanos.
El impacto económico de la crisis migratoria tiende a resaltar los aspectos negativos, especialmente desde la clase política conservadora. Por ejemplo, el ministro de Asuntos Exteriores en funciones, José Manuel García Margallo, consideró en su momento excesivos los 1.600 refugiados que el reparto de la Unión Europea había asignado a España, esgrimiendo el elevado desempleo del país como factor decisivo para rechazar la cuota. "El peso de la población cuenta un 40% y el PIB un 40% y la tasa de paro sólo un 10%. La tasa de paro de un país es capital y hay que valorar el esfuerzo que se ha hecho", explicó Margallo. 
Son varios los desafíos económicos a los que se enfrenta la Unión Europea en la crisis migratoria, como ya apuntamos en eldiario.es, pero también lo son los estudios fundados que muestran la otra cara de la migración, la del impacto positivo en la economía global y nacional, y por ello hemos recopilado cinco cifras que sustentan esta perspectiva. 

39 billones de dólares en 25 años

El libro 'Gente excepcional', publicado por la Universidad de Princeton y firmado por tres investigadores de este centro, analizó en profundidad el impacto de la migración, especialmente cómo nos ha cambiado el presente y cómo definirá nuestro futuro. Los autores determinaron que una política de completa apertura de las fronteras se traduciría en 39 billones de dólares de beneficio para la economía en los próximos 25 años. Como ellos mismos contextualizaban, esta cifra equivaldría a más de 500 veces el gasto anual en ayuda humanitaria exterior de los países desarrollados. 

356.000 millones de dólares

Sin llegar a esa política de abrir fronteras que plantearon los investigadores de Princeton, el Banco Mundial también ha calculado el impacto de la inmigración. En este caso, el organismo estudió lo que ocurriría si aumentara un 3% el mercado laboral pero solo con población inmigrante. Su conclusión fue que esta política reportaría en 2025 a la economía mundial 356.000 millones de dólares anuales, derivados de la inclusión de esos efectivos en los sistemas laborales de los países receptores.

Un aumento del 0,25% en el PIB anual europeo

Más de un millón de migrantes accedieron a Europa en el año 2015 y el ritmo no tiene visos de reducirse. De ahí que la economía de la Unión Europea pueda ser una de las más beneficiadas por la afluencia de personas de otros países. En un informe de noviembre pasado, la Comisión Europea hizo un cálculo del impacto en la economía de la UE de este fenómeno y extrajo un par de conclusiones. La primera de ellas fue que un flujo estimado de 3 millones de personas llegando a la UE en un plazo de tres años permitiría el aumento del tamaño de la economía comunitaria de al menos un 0,25% en 2017. La otra es que, si los datos de crecimiento de la UE que pronostican un 1,8% en 2016 y un 1,9% al año siguiente se mantienen, va a ser en parte por el impulso del flujo migratorio. 

0,25% de subida en el PIB por el empleo

El impacto de la migración sobre el empleo es uno de los aspectos esgrimidos por los partidos de extrema derecha para rechazar inmigrantes, considerando que arrebatan el trabajo a los nacionales. Pero la propia Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económico (OCDE) se encarga de desmontar con datos esta teoría.  En un informe publicado en mayo de 2014, el organismo desglosó cómo afecta a la contribución al sistema fiscal el trabajo de los inmigrantes, especialmente en los países cuyo sistema es más generoso con sus ciudadanos.
El estudio explicaba que en países como Bélgica, Francia y Suecia, aumentar la tasa de empleo de los inmigrantes hasta los niveles de los nacidos en el propio país tendría como mínimo un impacto del 0,5% en el PIB. Y añadía que políticas en esta línea ayudarían a la población inmigrante a encontrar trabajo, mejorar sus vidas y las de los familiares a los que ayudan. 

22.000 millones de euros de beneficio para el Estado

La mayoría de cálculos en torno a los efectos de la acogida de refugiados por parte de Alemania giran en torno al desembolso que debería realizar el Estado alemán para poder dar asilo al que lo solicite. En noviembre pasado, la cancillería de Angela Merkel estimó el coste en 22.600 millones de euros entre los años 2015 y 2016, cifra que el ministro de Finanzas, Wolfgang Schäuble, afirmó que era una partida perfectamente asumible. 
Pero una de las preguntas que surge es el beneficio que obtiene Alemania al acoger a la población migrante. La revista Fortune destacaba en septiembre pasado que las más de seis millones y medio de personas con pasaporte extranjero que vivían en Alemania en 2012 pagaron ese año 4.127 dólares más de media en impuestos de lo que luego recibieron por parte del Estado. La publicación, citando un informe del Centre for European Economic Research (ZEW), estimaba un superávit de 22.000 millones de euros en beneficio de las cuentas públicas en este apartado.

 El Diario .Es