Sob este tema a Ministra Joëlle
Milquet, responsável pela pasta da Educação, Cultura, da Infância e da
Federação Valônia-Bruxelas desde 2014, conversou com um público, de estudantes,
empresários, diplomatas, acadêmicos, aproximadamente 60 pessoas, no Instituto
Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo.
Em uma hora de evento, a Ministra
discorreu sobre a questão migratória na Europa, os desafios que a situação
apresenta para os governos e a população das 21 nações da União Europeia, e as
ações adotadas para tratar do tema.
Para contextualizar, segue uma parte
da apresentação feita pelo IFHC para o evento: De acordo com as Nações
Unidas, o número de imigrantes vivendo na Europa cresceu de 56 milhões para 76
milhões entre 2000 e 2015, um aumento de 36%. Com a crise de 2007/2008, se
elevaram as tensões econômicas associadas à imigração. Nos dois últimos anos,
agravaram-se as tensões políticas, na esteira da chamada crise dos refugiados,
e de atentados terroristas praticados por islamistas radicais, na maioria
cidadãos europeus.
Vista por uns como uma oportunidade –
por exemplo, para amenizar os efeitos do envelhecimento da população europeia –
e por outros como uma ameaça cultural à Europa, a imigração divide as
sociedades europeias.
Destaco alguns pontos que valem para
a reflexão sobre a imigração e as possibilidades que surgem quando governo e
população trabalham como parceiras pelo bem comum.
A Europa atual sofre uma grande
pressão migratória; o crescimento do populismo, a religião, políticas
migratórias autoritárias tem se apresentado como grandes barreiras à mobilidade
humana neste século XXI, o século do nomadismo e que necessita de
solidariedade.
Para pensar a imigração na Europa e a
presença da Ministra Joëlle neste evento é saber da importância de um governo
que tem em mente o direito do ser humano de ir e vir. Conceito presente na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, presente também nas Cartas Magnas de
muitos países e o quanto este fato define o rumo de um país. E também ter como
base o Tratado de Schengen, Convenções de Genebra.
Em um governo democrático a população
deve ter voz, deve ser ouvida, mas a Ministra Joëlle demonstrou que se o
governo está comprometido com a pessoa, independentemente de sua origem, raça,
credo, condição social, ele pode trabalhar em um processo onde lançará mão de
projetos e ações que farão a população local adotar suas práticas sem parecer
que foram decisões tomadas "na calada da noite". Passa a ser uma
decisão positiva “de cima para baixo”. E ao adotar estes caminhos o país cresce
econômica, política e socialmente.
Para isso é importante o governo,
junto com a população, compreender e aceitar que a imigração tem valores
tangíveis e intangíveis, traz novos conhecimentos, amplia a visão de mundo e
acima de tudo a história mostra que a imigração contribuiu com a construção e
reconstrução de muitas nações por meio das explorações, incursões territoriais,
nos pós-guerras e diversas outras situações. As culturas são formadas e
transformadas positivamente pelas imigrações.
No governo do qual faz parte a
Ministra Joëlle, está incluído em seu programa, ações de inserção dos migrantes
e refugiados na sociedade local. Na educação as atividades nas escolas, desde o
ensino fundamental, promovem a integração das culturas. No ensino superior há
uma preocupação sobretudo com a formação religiosa, visto que a imigração
europeia tem seu ponto nevrálgico no islamismo. As nações europeias se esforçam
para entender os preceitos do Islã. Neste ponto é importante salientar que há
um esforço em se ter o “Islamismo Europeu”. E também se compreende que há
migrantes capacitados e podem contribuir no processo de educação/formação
inserindo-os nos quadros acadêmicos, em postos de trabalho nas empresas.
Parece utópico dentro de uma cultura
européia, difícil sim, impossível não; imediato não, mas a longo prazo. Depende
de uma atitude e obviamente possui entraves, problemas de aceitação: como no
caso de ataques em espaços públicos onde são encontrados documentos de
imigrantes. Como lidar com esta situação? A tecnologia também tem sua
colaboração negativa, quanto por meio das redes sociais os jovens são atraídos
pelas propagandas do EI e outros grupos extremistas. Como é feita essa
publicidade? Qual a psicologia da comunicação? Como vivem ou convivem os jovens
hoje para que aceitem essa forma de comunicação e sejam atraídas por ela?
A Europa discute a questão da
redistribuição dos imigrantes pois alguns países estão no seu limite e não tem
condições de atender a uma demanda excessiva populacional, algumas nações não
os aceitam, ou impõem pesadas restrições, ocorrem, por estes motivos, as
desigualdades e dificuldades de unidade de ações entre os países. E aí é
necessário se repensar quais os objetivos da União Européia.
Mesmo assim a Europa se organizou
para atender as travessias marítimas, que em 2015 provocaram a morte de 3.000
pessoas no Mar Mediterrâneo. É surpreendente o fato de terem criado pontos de
atendimentos e algumas regiões com maior fluxo de chegadas migratórias em
faixas litorâneas.
A integração tem algumas das
seguintes propostas (fragmentos delas), que alguns concordam e outros dizem ser
um grande fracasso:
· Interculturalidade
com base em valores;
· Recusa
da violência e extremismo;
· Adaptação
às horas de trabalho;
· Diversidade
nas escolas;
· Política
aos jovens;
· Apoio
às famílias;
· Criar
um Islã Europeu / Islã Intelectual.
· Conscientizar
os meios de comunicação
· Visão
do mundo e das mulheres
Por Patricia Rivarola - SP
www.miguelimigrante.blogspot.com
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