A zona portuária de Calais
é um labirinto de cercas e alambrados para evitar a fuga de imigrantes para o canal da Mancha.
Agora, França e Reino Unido iniciaram a última fase: a fortificação da rodovia
E-15 em seu último trecho antes de chegar ao porto francês. Em cada lado da
estrada haverá uma cerca com quatro metros de altura e um quilômetro de
comprimento. Perto fica a Selva, área destinada a refugiados que alcançou a cifra
recorde de 7.000 a 9.000 pessoas amontoadas sobre suas dunas sujas.
A França apresenta
essa dupla barreira como um muro antirruído, mas também como um muro
“anti-intrusão”. Segundo autoridades do Governo nacional em Calais, as obras
começaram em meados de agosto e durarão quatro meses.
Um quilômetro da rodovia, entre o viaduto sobre a estrada de Gravelines
e o acesso ao grande complexo portuário, ficará selado. Por fora, os muros
serão de concreto cinza. Por dentro, motoristas e passageiros verão uma
decoração com plantas. Haverá iluminação e câmeras de vigilância.
Desta maneira, as
autoridades de ambos os lados do canal da Mancha esperam reduzir drasticamente
as invasões da rodovia por migrantes. Segundo a polícia, seus agentes já chegaram
a intervir até 30 vezes numa só noite para dispersar grupos que tentam reduzir
a velocidade dos caminhões para se introduzirem neles e passar a fronteira.
O secretário
(ministro) britânico de Imigração, Robert Goodwill, citou o projeto do muro
durante audiência parlamentar nesta quarta-feira, informa a Reuters. França e
Reino Unido há anos mantêm uma estreita colaboração no controle fronteiriço de
Calais, apoiando-se nos chamados acordos de Touquet. Londres, aliás, pagou a
construção desse novo trecho do muro, orçado em 2,7 milhões de euros (9,7
milhões de reais). É parte dos 17 milhões de euros oferecidos em março pelo
Reino Unido para que a França continue barrando em seu território os migrantes
que querem chegar à Grã-Bretanha.
A nova muralha
surge num momento de
máxima tensão na Selva de Calais. Sua população duplicou neste
verão, apesar do desmonte parcial ocorrido em março. O Governo francês se diz
disposto a acabar com este vergonhoso enclave, mas não marcou data. Na
segunda-feira, cidadãos de todos os setores econômicos de Calais bloquearam o
acesso ao porto para protestar contra uma situação que, segundo eles, eleva a
insegurança e prejudica seus interesses.
As novas barreiras
serão bem visíveis a partir da Selva, como já são os muros e cercas do porto, o
mais usado pelas empresas de transporte europeias para cruzar o canal da
Mancha. A França instalou moradias modulares no acampamento para acolher uma
parte dos refugiados lá estabelecidos, mas a pressão explodiu, multiplicando os
problemas internos.
O número de
solicitantes de asilo na França cresceu nos dois últimos anos; daí a iniciativa
da Prefeitura de Paris de construir um
grande campo de refugiados. A maioria dos que chegam a Calais a
caminho do Reino Unido passa primeiro pelas ruas e descampados da capital.
El Pais
www.miguelimigrante.blogspot.com
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