As duas principais organizações
internacionais, a Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE)
e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), pediram hoje aos governos para
intensificar os esforços de integração dos refugiados, para que eles possam
contribuir para as sociedades e para as economias da Europa.
Ambas organizações salientaram a relevância econômica em ajudar
os milhões de refugiados que vivem nos países da OCDE a desenvolver as
habilidades que eles precisam para trabalhar de forma produtiva e com segurança
nos empregos de amanhã.
"Os refugiados têm habilidades. Eles merecem nossos esforços.
Einstein era um refugiado. Não devemos esquecer disso”, afirmou o chefe do
ACNUR, Filippo Grandi, em uma coletiva de imprensa durante uma conferência
conjunta de alto nível sobre a integração dos beneficiários de proteção
internacional em Paris.
Grandi, que assumiu o cargo em 1 de Janeiro, acrescentou:
"A integração é um processo de duas vias e dinâmico, que exige tanto do
indivíduo como da sociedade que façam esforços consideráveis. Para que possam
desempenhar um papel pleno na vida social, econômica e cultural do seu país de
acolhimento, os refugiados necessitam alcançar a igualdade de direitos e
oportunidades".
Ele ressaltou que os Estados têm uma "função importante
neste processo, assegurando que os refugiados desempenhem um papel positivo e
ativo no processo de integração, particularmente em termos dos serviços que
lhes são prestados e para assegurar que sejam recebidos por comunidades
acolhedoras".
O Secretário-Geral da OCDE, Angel Gurría, concordou dizendo que
era uma tarefa difícil e custosa em um curto prazo, mas teve um alto retorno
para todos no médio e longo prazo. "Os migrantes e refugiados não são um
fardo. Eles contribuem para o crescimento e são uma esperança para o
futuro", declarou ele.
A OCDE, sediada em Paris, é um fórum global onde os governos de
34 democracias com economias de mercado trabalham umas com as outras, bem como
com mais de 70 economias não-membros, com o objetivo de promover o crescimento
econômico, a prosperidade e o desenvolvimento sustentável.
Em 2015, mais de um milhão de pessoas cruzaram o Mar
Mediterrâneo a procura de proteção internacional na Europa. No total foram
cerca de 1,5 milhão de pedidos de refúgio nos países da OCDE em 2015. Isso é
quase o dobro do número registrado em 2014 e o número mais elevado já registrado.
Ao mesmo tempo, os solicitantes de refúgio representam apenas 0,1% do total da
população da OCDE, e, mesmo na Europa, eles representam menos de 0,3% da
população total da União Européia.
"Longe de ser um problema, os refugiados podem e devem ser
parte da solução para muitos dos desafios que nossas sociedades enfrentam. Eles
trazem esperança: a esperança de uma vida melhor e um futuro mais promissor
para os filhos deles e os nossos. Mas para perceber este potencial, um
investimento substancial é necessário para prestar apoio imediato e ajudar os
refugiados a se estabelecer, a se adaptar para desenvolver suas habilidades
", acrescentou Gurría.
"Nossa análise demonstra os benefícios que uma boa gestão
da migração pode trazer para as economias e sociedades dos países da OCDE. Mas
isso vai depender muito da forma como as políticas de integração são elaboradas
e implementados. Quanto mais cedo os refugiados obtiverem o apoio necessário,
melhor serão suas perspectivas de integração", ele disse.
A
OCDE também divulgou hoje um relatório:
Making Integration Work: Refugees and others in need of protection (Fazendo a
Integração Funcionar: Refugiados e outros que necessitam de proteção – tradução
livre), fornecendo as principais lições da experiência dos países da OCDE na
promoção da integração dos refugiados.
O relatório destaca muitas boas práticas para combater as
principais barreiras e apoiam a integração duradoura dos refugiados e de seus
filhos. O conteúdo do relatório salienta a importância da intervenção precoce,
incluindo o fornecimento de acesso a cursos de línguas, programas de emprego e
serviços de integração, logo que possível, inclusive para os solicitantes de
refúgio com altas perspectivas em permanecer no país de acolhida.
O relatório também destacou a necessidade de facilitar com que
migrantes morem perto dos locais de trabalho e não necessariamente onde a
habitação é mais barata. O relatório sublinha também a necessidade de adaptar
os programas de integração para refletir a diversidade dos migrantes em termos
de competências e necessidades específicas dos refugiados.
Por Acnur
: ACNUR